'Casamento' entre sócios deve unir perfis complementares, dizem especialistas
Muitos têm a ideia de que abrir uma empresa em sociedade é sinônimo de briga, litígio, traição, prejuízo. Mas um aliado pode ser a peça que falta para criar condições ao negócio para começar ou crescer. O problema e a grande fonte de conflitos na hora de firmar uma parceria está na escolha do perfil. Para saber qual é o seu sócio ideal, o primeiro passo é olhar para si mesmo, recomenda o professor Antonio Terassovich, da Trevisan Escola de Negócios.
Características do
sócio ideal
1
Perfil complementar
Sócios devem ter preferencialmente conhecimentos e experiências em áreas diferentes
2
Valores e objetivos afins
Sócios precisam estar de acordo sobre as metas e a cultura da futura empresa
“Quando você abre uma empresa, tem de ter todas as competências para tocá-la. Marketing, produto, serviço, logística, operação, tudo. Mas não existe uma pessoa assim no mundo, que saiba de tudo”, diz Terassovich.
Depois de saber quais as suas forças e deficiências, o empreendedor deve buscar um sócio que complemente os conhecimentos e a experiência que ele não tem. Caso os sócios tenham habilidades e características iguais, eles podem bater cabeça em suas zonas de conforto e deixar grandes lacunas naquilo que não dominam. “Aquela história dos cinco amigos, todos engenheiros, que fundam uma construtora e tocam ela por conta própria não funciona”, exemplifica o professor.
Mas também é necessário haver afinidades. Mesmo com habilidades e conhecimentos diferentes, os sócios precisam ter valores e objetivos parecidos, segundo o consultor Marcos Simões, do instituto empreendedor Endeavor. Se um parceiro acreditar que a empresa deve ter um trabalho de responsabilidade ambiental e o outro não, por exemplo, problemas devem ocorrer no futuro. Os riscos que a empresa vai assumir também devem estar claros todos desde o início.
Segundo Simões, o ideal é ter uma conversa antes de abrir a empresa para estabelecer objetivos conjuntos. “É o melhor momento para fazer os acertos, pois eles precisam discutir todas as regras antes de o jogo começar”, diz o consultor.
É bom também estabelecer o que deve ser feito se um dia os sócios não quiserem mais trabalhar juntos, pois os problemas são mais fáceis de ser resolvidos quando eles ainda não existem. Um acordo de acionistas redigido por um advogado serve para diminuir a possibilidade de problemas no futuro, recomenda o especialista.
Quando empreender sozinho?
Abrir um negócio em sociedade só vale a pena quando há confiança total no sócio. “A sociedade é um casamento que só envolve a questão econômica e nada da emocional”, diz Paulo Melchior, consultor do Sebrae. Quando o empresário não encontra um sócio de perfil adequado, é melhor abrir a empresa sozinho. Há outras formas de cobrir as áreas que ele não domina: é possível contratar funcionários capazes para aquelas funções ou terceirizá-las para outras empresas.
Desde janeiro deste ano, empreender sozinho está mais seguro, do ponto de vista legal. Agora é possível abrir uma empresa individual em que o dono não responde com seus bens caso ela vá à falência. Até o ano passado, apenas integrantes de sociedades tinham o patrimônio individual protegido. Este novo tipo de empreendimento é chamado Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada). Ela não tem limite de funcionários ou de filiais. Pode optar pela tributação do Simples Nacional, lucro presumido ou pelo lucro real.
Tipos de empresas individuais
EI (Empreendedor Individual) | Eireli (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) | Empresário Individual (Convencional) | |
Número de empregados | 1 | Sem limite | Sem limite |
Receita bruta máxima | R$60 mil | Sem limite | Sem limite |
Capital mínimo integralizado | Sem limite | 100 salários mínimos (R$62,2 mil) | Sem limite |
Pode ter filiais? | Não | Sim | Sim |
O dono pode ter outras empresas? | Não | Sim, exceto outra individual | Sim, exceto outra individual |
Tipo de tributo | Simples | Simples, lucro presumido ou lucro real | Simples, lucro presumido ou lucro real |
Dono tem bens protegidos em caso de falência? | Não | Sim | Não |
Há algumas limitações ao abrir uma Eireli. É preciso registrar a firma com capital de pelo menos 100 salários mínimos, que atualmente são R$ 62,2 mil. O dono também não pode ter outra empresa sem sócios. Para empresas individuais de capital maior, a opção continua sendo abrir uma empresa individual convencional -- nela, o dono responde com seus bens caso a empresa vá a falência.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.