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Para inventor do Post-it, empresas precisam ouvir ideias de funcionários

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

28/05/2012 06h00

Uma ideia inovadora e lucrativa pode surgir da solução de um problema corriqueiro. Para o americano Art Fry, 80, o criador do Post-it, papéis de recados autoadesivos, funcionários das empresas resolvem grandes e pequenas questões diariamente, o que pode ser uma fonte de ideias. É preciso saber ouvi-los.

A invenção mais famosa de Fry, o Post-it, nasceu na década de 70. Na época, ele cantava no coral da igreja e utilizava fitas de papel para marcar as páginas de livro de hinos. Mas elas caíam sempre que o livro era aberto. “Pensei em marcar as páginas com uma fita adesiva, mas a cola rasgaria as folhas quando fosse puxada.”

Quando soube que outro cientista da 3M, empresa onde trabalha, havia criado um adesivo com uma cola mais fraca, Fry decidiu testar o material em pequenos pedaços de papel para que pudesse marcar e desmarcar páginas sem rasgar as folhas. "A criatividade está em achar um novo padrão para resolver problemas.”

Apresentou o produto a seu chefe e, em 1980, o Post-it foi lançado comercialmente. “Quando colocamos os bloquinhos nas prateleiras, eles não eram uma inovação, só passaram a ser depois que as pessoas os compraram pela segunda vez. Houve uma mudança de hábito”, diz.

Gestores têm de dar espaço para sugestões

Segundo Fry, a criação só foi possível porque ele encontrou abertura e espaço para colocar em prática sua ideia dentro da empresa. "Os gestores têm de ouvir os funcionários, dar espaço para sugestões."

Além de ouvir, é preciso também dar condições para que os novos projetos possam ser executados. Na 3M, por exemplo, os funcionários usam 15% do seu tempo de trabalho para se dedicar a projetos de inovação, diz Fry.

É também saudável incentivar realizações em grupo, pois muitas ideias não são possíveis de se realizar sozinho.  “Se você tem uma ideia, mas não sabe como executar, é preciso procurar alguém que possa ajudá-lo."

Nem toda ideia criativa dá resultados

Mas, segundo Fry, as empresas também devem entender que nem toda ideia criativa dá resultados concretos, o que não deve desestimular a tentativa. “É preciso beijar muitos para encontrar um príncipe. Muitas ideias não dão certo. O importante é aprender com os erros e continuar tentando”, afirma.

Segundo ele, o mercado muda constantemente e a inovação deve ser um mecanismo de defesa das empresas contra estas mudanças. “Os clientes sempre querem algo novo. Tudo muda com muita rapidez e os consumidores já não querem apenas produtos que os satisfaçam, mas sim os tops de linha."