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Troca de serviços com empresas faz agência de marketing cortar 10% de gastos anuais

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

28/06/2012 06h00

Em um ano e meio, a agência de marketing digital DSW, conseguiu economizar cerca de R$ 150 mil apenas fazendo permutas. O valor representa 10% dos seus gastos anuais. A economia só foi possível depois de a empresa ter se cadastrado em uma rede de trocas multilaterais entre empresas.

Funciona assim: uma empresa cadastrada anuncia um produto ou serviço que queira trocar por outros. A empresa que se interessar pode comprar a oferta e gerar créditos para o vendedor, que só podem ser gastos com outras ofertas dentro da rede. Não é possível transformar os créditos em dinheiro para usá-lo externamente.

O fundador da DSW, José Paulo Pereira Silva, 38, diz que os maiores benefícios do sistema de permutas multilaterais são a melhora no fluxo de caixa e o aproveitamento do tempo ocioso da empresa.

“Utilizo o tempo que o meu pessoal não estaria trabalhando para gerar créditos de permuta. Já comprei móveis para escritório, brindes para clientes e aluguei espaços para treinamento e confraternização de fim de ano sem gastar dinheiro”, diz.

Sobre a confiabilidade do serviço, o empresário afirma que é seguro. Em toda transação realizada é emitida uma nota fiscal. “Nunca tive problemas, mas, se tivesse, poderia reclamar com o vendedor e com a empresa de permutas.”

Trocas funcionam como canal de venda adicional

Com mais de mil empresas cadastradas em seu sistema, sendo 80% de pequeno e médio porte, a Tradaq se especializou em intermediar permutas multilaterais.

Segundo o presidente da Tradaq, José Rivero, a rede funciona como um canal adicional de vendas. Diferente da permuta bilateral, a multilateral não precisa, necessariamente, que as duas partes estejam interessadas na troca, a chamada dupla coincidência.

“Na troca tradicional, os produtos precisam ser de valor equivalente e as duas partes ter interesse neles. Na multilateral, o leque de opções é maior. Uma rádio pode vender um anúncio para uma loja de móveis e gastar estes créditos com produtos de outras empresas”, afirma.

Maioria das empresas que negociam é de pequeno porte

Outra intermediadora de negócios deste tipo é a Permute. A rede tem 633 empresas cadastradas em seu sistema, sendo 82% de pequeno porte e 17% médias e só 1% são grandes.

Para o diretor, Alessandro Candiani, a realização de trocas entre empresas tende a crescer no Brasil. “É um mercado pouco explorado e pode avançar muito. No exterior é mais comum, mas por aqui ainda está engatinhando”, declara.

As redes faturam com a cobrança de mensalidade das empresas cadastradas e com comissões sobre as permutas realizadas, que podem variar de 6% a 10% sobre o valor da venda.

Operação exige cuidados

De acordo com o sócio da consultoria jurídica Ramos Racy Advogados, Luiz Gustavo de Oliveira Ramos, encontrar empresas interessadas no produto oferecido e que tenham algo à altura para conceder em troca é a maior dificuldade para quem pretende fazer permutas.

Neste cenário, as trocas multilaterais são grandes facilitadores. “Este tipo de operação fornece mecanismos para que empresários com intenção de troca se encontrem”, diz.

Porém, mesmo sendo controlado por uma empresa, o sistema de permutas multilaterais não está isento de riscos de atraso na entrega ou recebimento de produtos ou serviços de baixa qualidade.

“O empresário está negociando com pessoas que não conhece. Ele precisa saber como a participação dos usuários é controlada, se há mecanismos para resolver eventuais disputas e ter o máximo de informações sobre o vendedor e o produto”, afirma Ramos.