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Donos de sites de compras coletivas mudam estratégia para crescer

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

29/08/2012 06h00

Empreendedores que se aventuraram a abrir sites de compras coletivas no Brasil durante o boom estão hoje readaptando seus negócios para sobreviver à acomodação do mercado. Muitos até já fecharam as portas, como mostra um levantamento do InfoSaveMe, ferramenta de monitoramento do mercado de compras coletivas.

Ao final de 2010, ano em que o primeiro site deste tipo começou a operar no Brasil, existiam cerca de 45 sites ativos. No ano seguinte, este número pulou para 1050. Atualmente, são 800 sites em atividade. Os que ainda resistem encontraram diferentes estratégias para manter o negócio, mesmo sem ter à disposição muitos recursos para investir.

É o caso de Antonio Mouallem, CEO do site Oferta Única, lançado em junho de 2010, ainda antes do boom. A empresa deixou de ser apenas um site de compras coletivas para se tornar administradora de outros sites de ofertas.  

Durante seu primeiro de atividade, aproveitou o crescimento para fechar parcerias com grandes empresas para o lançamento de sites para nichos específicos. “Vimos a oportunidade de administrar outros sites de compras coletivas e mudamos o foco, criando uma plataforma de ofertas”, afirma Mouallem.

Conhecendo a dificuldade em manter equipes comerciais em várias cidades do Brasil para garantir o crescimento, ele juntou diversos sites regionais. Dessa forma, as ofertas são replicadas em todas as páginas integrantes.

A estrutura que era utilizada nas vendas do Oferta Única como site de compras coletivas -- equipe de designers, redatores, atendentes de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), financeiro etc. -- é aproveitada para manter os demais sites.

“Mudamos a linha do Oferta Única na hora certa, pois logo depois houve saturação com o grande número de concorrentes. Alguns fecharam e outros procuraram maneiras diversificadas para vender mais, que é o que oferecemos”, diz o CEO do Oferta Única.

Sites que quase fecharam migram para plataforma de ofertas

Patrícia Cardoso de Paula, proprietária do Site Dia do Desconto, lançado em outubro de 2010 com atuação em São Paulo, viu a plataforma do Oferta Única como uma boa opção para o seu negócio.

Sem experiência anterior em comércio eletrônico, ela enfrentou problemas para encontrar parceiros em Belo Horizonte, quando quis expandir o negócio, além de parceiros não confiáveis, que fecharam as portas e deixaram consumidores com o cupom na mão.

“A gente estava morrendo aos poucos, era difícil conseguir estabelecimentos de qualidade e ofertas novas todo dia. Com a plataforma, aumentou o número de ofertas, cresceram as vendas e diminuíram os problemas de insatisfação do cliente e de estrutura”, afirma.

Os integrantes pagam uma porcentagem para o Oferta Única sobre as vendas realizadas. Se a oferta oferecida por um site for vendida por outro, os dois também dividem o faturamento. Atualmente, a plataforma integra 40 sites de compras coletivas.

Mercado está se consolidando

Guilherme Wroclawski, sócio fundador do portal SaveMe, agregador de ofertas de sites de compras coletivas, explica que as baixas barreiras de entrada, por se tratar de um negócio online, de execução rápida e que não exige logística foram atrativas para muitas pessoas que possuíam outros negócios ou que queriam empreender pela primeira vez, mesmo sem experiência na área.

“Alguns aventureiros entraram no mercado achando que o negócio era só vender cupons. No entanto, o mais importante é a experiência de uso do consumidor, possuir bons parceiros e oferecer um pós-venda de qualidade. Por isso, os que não se adaptaram ou não entenderam a dinâmica fecharam”, declara.

O faturamento do setor não diminuiu, o que demonstra que as compras coletivas são uma boa oportunidade de negócio. Segundo levantamento do InfoSaveMe, o faturamento foi de R$ 731,7 milhões no primeiro trimestre de 2012, R$ 14,3 milhões a mais do que no mesmo período do ano passado.

Para Wroclawski, este é um ano de acomodação e consolidação do mercado. “Houve um amadurecimento da cadeia como um todo, o consumidor aprendeu a comprar ficando atento às condições, os estabelecimentos entenderam o cupom como uma ferramenta de marketing e os sites que permaneceram foram os que se diferenciaram e investiram”, declara.

A diferenciação pode ser na região de atuação, em nichos de mercado ou com diferentes modelos de negócio. Quem pensa em entrar agora nesse negócio, precisa saber que vai brigar com gigantes e precisará de muito dinheiro para investir em marketing. Entretanto, segundo Wroclawski, existem outros caminhos.

"Acreditamos que o número de usuários de compras coletivas vai aumentar por causa da adesão da nova classe média ao comércio eletrônico. Porém, é necessário buscar outros formatos, já existem iniciativas interessantes para celulares e tablets, por exemplo", declara.