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Temakeria, comida mexicana e pet shop viram negócios sobre rodas

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

19/08/2013 06h00

Transformar o carro em negócio tem sido a forma que alguns empreendedores encontraram para abrir sua empresa. Com investimento inicial de R$ 140 mil a R$ 200 mil (incluindo a compra do veículo), é possível montar temakeria, restaurante de comida mexicana e até pet shop sobre quatro rodas.

Paulo Enrico, 29, investiu R$ 200 mil para criar a Temaki Point, uma temakeria móvel em São Paulo (SP). A van ganhou revestimento em inox, pia, freezer e geladeira. A energia para fazer esses equipamentos funcionarem vem de uma placa solar instalada no teto do veículo.

"Esse conceito sustentável é uma forma de minimizar o impacto causado pela queima de combustível do veículo, que, apesar de ser movido a biodiesel, não deixa de ser poluente", diz Enrico.

O empresário afirma que, em um único dia, consegue atuar com a temakeria móvel em dois pontos diferentes. Por mês, ele fatura R$ 100 mil.

"Durante o almoço, estaciono o veículo em uma empresa para atender os funcionários e, à noite, paro no estacionamento de uma casa de show para atender o público", declara.

Para atuar nestes locais, o empresário negocia previamente com o dono do espaço. Se quisesse comercializar produtos em espaços públicos, seria preciso ter autorização da prefeitura (leia mais abaixo).

Comida mexicana é preparada na van

Também na capital paulista, o empreendedor Javier Arturo Herrera, 38, abriu um restaurante móvel de comida mexicana, o La Buena Station. O investimento foi de R$ 140 mil, incluindo a compra da van e a adaptação do veículo.

Às segundas e terças-feiras, ele atua no estacionamento de uma academia. Nos demais dias, Herrera aluga espaço em feiras, convenções e outros eventos para vender seus produtos.

"A receita do negócio está pagando o investimento. A ideia é que comece a dar lucro a partir de 2014, quando tivermos uma agenda de eventos fechada", diz. O faturamento não foi revelado.

Empresária investe R$ 150 mil em pet shop móvel

Já a empresária Karla Alencar investiu R$ 150 mil para criar a Aracê Embelezamento Animal, um pet shop móvel em São Paulo (SP). Em média, ela atende de 10 a 15 animais por dia. O valor do serviço varia de R$ 40 a R$ 120.

Alencar vai à casa do cliente, com horário agendado, para dar banho e tosar cães e gatos dentro da van. O veículo é equipado com chuveiro, secador, reservatório de água e um gerador de energia para fazer os aparelhos funcionarem.

A empresária, que já teve um pet shop fixo, diz que a economia com a unidade móvel chega a 70% no mês. "Não me preocupo mais com aluguel, luz e água. Meu quadro de funcionários também foi reduzido."

O faturamento do pet shop móvel e da antiga unidade fixa não foi informado. Alencar afirma ter deixado a loja física após receber uma proposta para passar o ponto. Parte do dinheiro foi usada para comprar a van.

Gastos com veículo devem ser considerados

Apesar de não pagar aluguel, um negócio móvel tem custos mensais e anuais que devem ser considerados, segundo a consultora jurídica do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo) Sandra Regina Fiorentini.

Os principais gastos desse tipo de negócio são: manutenção do veículo, combustível, IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e seguro.

"O veículo é o ganha-pão do empresário. Ele precisa ter uma retaguarda caso se envolva num acidente ou seja roubado, por exemplo", declara.

Transformar uma van em negócio também exige cuidados de segurança. Segundo especialistas, as alterações não devem envolver as partes mecânica e elétrica originais do veículo.

Prefeitura pode negar permissão para negócios móveis

Para atuar com negócios móveis, no entanto, a consultora do Sebrae-SP afirma que é preciso ter um TPU (Termo de Permissão de Uso). O documento é concedido pela prefeitura e permite o comércio em espaços e vias públicas.

"A prefeitura pode negar o pedido ao empreendedor. Por isso, antes de comprar o veículo, é importante verificar se é possível exercer a atividade no local ou região desejada", declara.

Na capital paulista, os pedidos de TPU devem ser feitos nas subprefeituras, que podem autorizar ou não a atividade.

Para os negócios em automóveis, a prefeitura informa que é preciso também autorização por parte da Secretaria Municipal de Transportes.

Caso o pedido do TPU seja negado, Fiorentini diz que uma alternativa é negociar a permanência do veículo em espaços privados, como estacionamentos de empresas e casas de show, como fazem a Temaki Point e a La Buena Station. 

Já o pet shop móvel não precisa do TPU por ser um prestador de serviço. Porém, é necessário registro no CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) para dar banho e tosar os animais.

No caso dos restaurantes móveis, é preciso participar de um curso de manipulação de alimentos e obter autorização da Vigilância Sanitária para exercer a atividade, de acordo com a consultora.

Serviço:

Aracê Embelezamento Animal: www.araceembelezamentoanimal.com.br

La Buena Station: www.labuenastation.com.br

Temaki Point: temakipoint.com.br