Dilma envia ministro para destravar conflito comercial com Argentina
As relações comerciais entre a Argentina e o Brasil entraram em uma espiral descendente e prenunciam uma negociação difícil entre os dois governos, em reunião marcada para esta sexta-feira (14), quando desembarcam em Buenos Aires o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia.
A viagem do conselheiro presidencial e do ministro foi uma decisão adotada pelo governo de Dilma Rousseff devido ao vínculo amistoso que ela mantém com a presidente Cristina Kirchner, desde a época em que Cristina era senadora.
Homem-chave para os assuntos diplomáticos latino-americanos, Marco Aurélio deveria em princípio convencer a Casa Rosada sobre a necessidade de "revitalizar" um comércio mútuo decrescente e cada vez mais condicionado.
Em síntese, trata-se de buscar mecanismos que permitam afrouxar o aperto argentino sobre as importações, por causa da diminuição de reservas.
De acordo com o secretário brasileiro de Comércio Exterior, Daniel Godinho, a Argentina deve se sentar no banco dos réus como responsável pela deterioração das vendas do Brasil para o mundo.
De fato, as importações argentinas de bens brasileiros caíram 11,8% no período janeiro-fevereiro em relação ao ano passado, segundo os dados que o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil acaba de publicar.
"A Argentina é o nosso terceiro maior sócio comercial e um destino tradicional das manufaturas industriais. Por isso nossa preocupação em aumentar as vendas para esse país", disse Godinho à imprensa.
Mas uma análise desses números revela que a Argentina perdeu muito mais força no Brasil do que o contrário. As exportações argentinas para o mercado brasileiro no primeiro bimestre declinaram 23,9%.
De acordo com os próprios números do governo Dilma, o Brasil sofre um deficit comercial recorde para o início de ano (desde 1993, quando começou a ser medido semanalmente), com um desequilíbrio da balança de US$ 6,183 bilhões no primeiro bimestre.
No entanto, os dados mostram de forma contundente que a responsabilidade não foi precisamente da Argentina. O Brasil ainda vende para a Argentina mais do que compra.
Além do mais, as contas que o governo brasileiro acaba de publicar revelam que 90,7% de seu deficit se deve à China, à União Europeia e aos Estados Unidos.
É justamente entre esses dois países e o bloco europeu que o Brasil concentra 54% de seu intercâmbio com o mundo. A participação argentina no total brasileiro, que chegou a 7,4% em 2013, caiu no primeiro bimestre a apenas 5%.
Se essa proporção se mantiver em 2014, a Argentina deixará de ser o "terceiro maior sócio comercial", como afirma Godinho, para passar ao quarto lugar.
De acordo com o secretário, "o objetivo é aumentar as exportações para o país vizinho". Ele disse que estão sendo estudadas medidas, mas não precisou quais.
Algumas fontes sugerem uma ampliação das linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a exportadores brasileiros para estimular o fluxo de mercadorias entre os dois países.
Também foi mencionada a reativação de um mecanismo que tinha sido pensado há um algum tempo para limitar o uso de dólares no comércio bilateral.
É uma espécie de "clearing" entre as operações de exportação e importação, que permitiria o pagamento trimestral em divisas só da diferença entre ambas.
(Texto originalmente publicado no site do “Clarín” em português)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.