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Cafezinho em Buenos Aires aumenta 300% em 5 anos e custa mais de R$ 6

Nora Sánchez

Do Clarín, em Buenos Aires

10/06/2014 21h32

?Os cafés de Buenos Aires inspiraram compositores de tango e escritores. São o cenário de conspirações e de declarações de amor. De rupturas e de reencontros. São um refúgio para estudar, trabalhar, ler ou ver a vida passar. Mas esse hábito tão típico dos porteños tem seu preço e é cada vez mais caro. Tomar um cafezinho pode custar até 24 pesos (R$ 6,60).

Um preço 300% mais alto do que cinco anos atrás, quando custava 6 pesos (R$ 1,60). Atualmente, é possível tomar cafés mais em conta em diversas cidades do mundo, onde a bebida custa entre 13 e 22 pesos. Mesmo assim, os aumentos ainda não conseguiram afugentar os clientes, que consideram o cafezinho parte essencial da cultura local.

Um quilo de café custa entre 130 pesos e 400 pesos, dependendo da qualidade. De cada quilo sai uma média de 90 xícaras, à razão de 8 gramas a 10 gramas de café por xícara. O resto é água.

Ou seja, o custo por xícara varia entre 1,40 peso e 4,40 pesos. Dessa forma, um lugar que cobra 24 pesos está obtendo de 19,60 pesos a 22,60 pesos de lucro por xícara.

O lucro é ainda maior para as redes que oferecem café em copo: de um quilo de café moído saem 220 copos, a um custo de 0,60 a 1,80 peso.

No Starbucks, o copo de café mais barato custa 29 pesos. Mas nem tudo é lucro: a venda dessa bebida é fundamental para sustentar os gastos fixos de um negócio.

No bar La Paz, em Corrientes e Montevideo, um café custa 23 pesos, mas nos fins de semana e feriados, a partir das 15 horas, ele custa 24 pesos.

No Café Tortoni, nos dias de semana o preço é de 20 pesos, e a partir das 16 horas do sábado, aos domingos e feriados, vai a 22 pesos.

No La Biela, custa 20 pesos, no Gato Negro, 19 pesos e no Florida Garden, 21 pesos na mesa e 18 pesos no balcão em pé. Na rede Havanna, o preço é de 19 pesos e em La Tiendadel Café, de 18 pesos.

Justificativas

"Alguns cobram mais caro e dizem que é por causa da qualidade do café, mas os cafés são todos iguais", diz Roberto López, dono do La Academia, localizado em uma das esquinas mais movimentadas da capital argentina.

"Nós vendemos a 16 pesos. É verdade que a rentabilidade é grande, mas para isso você tem que vender muitíssimo café. E às vezes uma pessoa pede uma xícara e fica três horas. Além disso, está se perdendo o hábito do clássico café portenho, porque agora as redes te dão um copo descartável e as pessoas vão bebendo no caminho. Os que continuam se encontrando com amigos para tomar um café são as pessoas de mais de 30 anos, mas os mais jovens, não."

A francesa Anais Gasset, da Boulangerie Cocu, em Palermo, diz que o ritmo da sua loja gira em torno do café. "É o que mais se vende. De manhã, vêm pessoas sozinhas com o computador e usam o lugar como escritório. Outras fazem reuniões. E à tarde, na hora do lanche, vêm amigos e famílias e eles também preferem café. No meu país não é assim, porque nós temos mais o costume do aperitivo". No Cocu, o café custa 18 pesos.

Texto originalmente publicado no site do “Clarín” em português