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Brasil cobra imposto caro, mas é o que dá menos retorno à população

UOL, em São Paulo

01/06/2015 13h36Atualizada em 01/06/2015 16h19

Pelo quinto ano seguido, o Brasil aparece entre os 30 países do mundo que mais cobram impostos. Também pela quinta vez, o país ocupa a lanterna em termos de qualidade dos serviços públicos prestados à população.

Os dados do "Estudo sobre a Carga Tributária/PIB X IDH" foram divulgados nesta segunda-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). 

Quando se avalia a relação entre carga tributária e qualidade dos serviços públicos –como educação, saúde e transporte--, o Brasil fica atrás de vizinhos como Uruguai (11º) e Argentina (19º). 

Austrália, Coreia do Sul e Estados Unidos ocupam as primeiras posições.

"O Brasil continua oferecendo péssimo retorno aos contribuintes, no que se refere à qualidade do ensino, atendimento de saúde pública, segurança, saneamento básico, entre outros serviços", disse o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

Veja o ranking

  1. Austrália
  2. Coreia do sul
  3. Estados unidos
  4. Suíça
  5. Irlanda
  6. Japão
  7. Canadá
  8. Nova Zelândia
  9. Israel
  10. Reino unido
  11. Uruguai
  12. Eslováquia
  13. Espanha
  14. Islândia
  15. Alemanha
  16. Grécia
  17. República Tcheca
  18. Noruega
  19. Argentina
  20. Eslovênia
  21. Luxemburgo
  22. Suécia
  23. Áustria
  24. França
  25. Bélgica
  26. Itália
  27. Hungria
  28. Dinamarca
  29. Finlândia
  30. Brasil

Metodologia e considerações

O estudo considerou a carga tributária dos países em 2013, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2013 para calcular o  Índice de Retorno De Bem Estar à Sociedade (Irbes).

No entanto, vale lembrar que o ranking é medido pela proporção de impostos em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) dos países.

Isso significa que países com uma mesma carga tributária podem ter diferenças expressivas no volume de arrecadação por pessoa.

Na Alemanha, por exemplo, os tributos equivalem a 36% do PIB, uma carga bem parecida com a do Brasil, que é de 35%.

Como o PIB do Brasil é muito menor que o da Alemanha, aqui a carga tributária corresponde a uma média de US$ 5.592,30 por pessoa. Ou seja, o governo brasileiro teve esse valor para gastar com cada cidadão em 2013. 

Na Alemanha, a arrecadação de tributos foi de US$ 16.090,56 por pessoa, em média. O governo alemão, portanto, dispõe do triplo de recursos para utilizar com cada habitante. 

Além disso, os países europeus que têm carga tributária semelhante à brasileira são muito menores que o Brasil e, portanto, tendem a ter menos estradas para construir e manter, menos portos, menos fronteiras para vigiar etc. 

Ainda, a infraestrutura básica em países como a Alemanha já está em estado mais avançado que a do Brasil, de modo que grande parte dos US$ 16 mil que o país tem atualmente para gastar com cada cidadão serve para melhorar o que já está razoável. 

Por fim, vale ressaltar que, no atual momento, o BCE (Banco Central Europeu) tem uma taxa de juros de 0,05% ao ano, enquanto no Brasil a taxa está em 13,25%. 

Estando ou não a taxa básica de juros em um patamar adequado para combater a inflação, o fato é que os gastos com juros no país acaba consumindo grande parte do orçamento da União.