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'Perdemos juntos, mas o maior perdedor fui eu', diz Eike sobre investidores

Maria Carolina Abe

Do UOL, em São Paulo

06/06/2015 00h04Atualizada em 06/06/2015 07h27

"Apostamos em algo juntos, perdemos juntos. Mas o maior perdedor fui eu." 

Essa foi a resposta do ex-bilionário Eike Batista à pergunta do internauta Cesar Augusto ("O que o senhor teria a dizer aos investidores, principalmente aos pequenos investidores, que perderam suas economias?"), em entrevista na noite desta sexta-feira (5).

"Ele apostou comigo que a gente podia ganhar talvez cinco vezes, dez vezes o dinheiro que a gente investiu", disse. "Eu fracassei e perdemos; só que perdemos juntos."

"Eu ainda não vendi as minha ações, eu estou na mesma posição que o acionista", afirmou o empresário. Quando a jornalista perguntou se ele é como o capitão de um navio, que ficou lá enquanto a embarcação afundava, ele respondeu: "Perfeito! Fiquei lá até o final, estou lá até hoje."

A petroleira criada por Eike, a OGX, atingiu 51.900 investidores pessoa física, segundo dados da Bovespa. Em outubro de 2010, quando atingiu seu maior patamar, os papéis da OGX chegaram a ser avaliados em R$ 23,27. Após a crise, caíram para a casa dos centavos.

O empresário falou pela primeira vez na televisão sobre o fim de seu império e sobre os processos que responde na Justiça. Ele foi o entrevistado da noite no programa "Mariana Godoy Entrevista", da RedeTV!.

Julgamento por crimes contra o mercado

Eike está sendo julgado por crimes contra o mercado financeiro. Ele é acusado de manipulação do mercado e uso de informação privilegiada ao negociar ações da sua petroleira, a OGX (hoje OGPar), o que teria causado prejuízo a investidores.

O julgamento teve sua primeira audiência em novembro de 2014 e ainda não há data para sua retomada.

O julgamento deve decretar a sentença na primeira instância. Se considerado culpado, Eike pode ser condenado a até 13 anos de prisão. Ele ainda poderá recorrer a instâncias superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). 

Desde março, o juiz do caso é Vitor Valpuesta, da 3ª Vara Federal Criminal do Rio. Ele substituiu Flavio Roberto de Souza, afastado do cargo após ser flagrado ao volante do Porsche Cayenne, que tinha sido apreendido do ex-bilionário em uma operação policial.

De bilionário a classe média

Eike já foi a pessoa mais rica do Brasil e o sétimo mais rico do mundo, segundo o ranking de bilionários da revista "Forbes". 

O conjunto de empresas de energia, commodities e logística de Eike entrou em colapso no ano passado, forçando seus empreendimentos de petróleo, estaleiros e principais empresas de mineração a pedir recuperação judicial em meio a uma dívida cada vez maior, uma queda nas receitas e uma crise de confiança dos investidores.

Em setembro do ano passado, após as denúncias, ele disse à "Folha de S.Paulo" que tinha um patrimônio líquido negativo de US$ 1 bilhão e que "voltar a classe média é um baque gigantesco"