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Entenda por que o mercado está de olho na reunião de hoje do BC dos EUA

Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, deve fazer o tão aguardado anúncio - Gary Cameron/Reuters
Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, deve fazer o tão aguardado anúncio Imagem: Gary Cameron/Reuters

Do UOL, em São Paulo

17/09/2015 06h00Atualizada em 17/09/2015 08h11

Uma senhora de 69 anos e cabelos grisalhos será o centro das atenções dos investidores do mundo todo nesta quinta-feira (17).

Janet Yellen, presidente do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve, ou Fed), deve anunciar hoje a tão esperada decisão sobre os juros no país. O anúncio é esperado para as 15h (horário de Brasília).

Se os EUA decidirem aumentar os juros, será a primeira alta do preço do dinheiro desde 2006.

Os juros de referência nos Estados Unidos estão num nível historicamente baixo, entre zero e 0,25% ao ano, desde o final de 2008. Para efeito de comparação, a taxa de referência atual no Brasil (Selic) é de 14,25% ao ano.

Essa taxa é utilizada pelos bancos de um país como indicador-chave do valor dos juros que pagam ao tomar dinheiro emprestado do Banco Central --e, por sua vez, do dinheiro que emprestam a seus clientes. Disso dependem investimentos e despesas de consumo.

Por que os juros estão tão baixos nos EUA?

Com a crise de 2008-2009, os EUA registraram desaceleração da economia, aumento do desemprego, queda da confiança de empresários e do consumo das famílias, com crédito escasso.

O Federal Reserve baixou, então, os juros para tentar estimular investimentos e consumo e movimentar a economia.

Outra medida adotada foi a injeção de dinheiro, comprando títulos públicos (pedaços da dívida estatal, vendidos pelo Tesouro dos EUA) em mãos de investidores e bancos.

Quem decide se os juros ficam iguais ou sobem?

Quem define os juros é o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) --equivalente ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no Brasil.  

Os 12 membros do Fomc se reúnem oito vezes durante o ano para avaliar as condições econômicas e financeiras e definir se a política monetária do país está adequada para esse cenário. 

Para determinar o nível dos juros, o Fomc leva em conta principalmente dados relativos ao mercado de trabalho e à inflação --a meta é de 2%. 

O que o mercado espera?

A maioria dos investidores dava como certa a alta dos juros nesta reunião de setembro. Porém, essa certeza perdeu força após indícios de desaceleração da economia da China terem chacoalhado os mercados mundiais no fim de agosto.

Também pesam outros fatores, como o fato de a inflação norte-americana estar abaixo da meta e os preços das commodities (matérias-primas, como petróleo e soja) terem recuado.

Agora, uma parte dos analistas acredita que a mudança será adiada para dezembro.

Como a mudança nos juros dos EUA afeta o mundo?

A taxa de juros dos EUA é capaz de modificar as regras do jogo da economia mundial. 

Com a alta dos juros por lá, os investidores podem começar a achar vantajoso aplicar seu dinheiro nos Estados Unidos, que são considerados uma economia forte e estável. Isso causaria a migração de recursos que atualmente estão aplicados nos mercados emergentes, como o Brasil.

O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertaram nesta semana que os países emergentes podem ser seriamente afetados por essa retirada de capital.

O ministro da Fazenda brasileiro, Joaquim Levy, disse recentemente que o país está preparado para lidar com instabilidades no mercado se houver alta dos juros norte-americanos.

Alguns analistas avaliam que, para o Brasil, a decisão nos EUA pesa menos do que a crise dentro de casa, com a turbulência política dificultando a aprovação das medidas para acertar as contas públicas e o risco de um processo de impeachment ser aberto contra a presidente Dilma Rousseff.

(Com agências de notícias)

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