BC perde R$ 89,6 bi com venda de dólar no mercado futuro em 2015
Do UOL, em São Paulo
06/01/2016 14h09
As perdas do Banco Central (BC) com operações equivalentes à venda de dólares no mercado futuro, os swaps cambiais, chegaram a R$ 89,657 bilhões, em 2015, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (6).
Trata-se da maior perda anual na série histórica, que tem início em 2003.
O BC voltou a vender dólares no mercado futuro em maio de 2013, para segurar a cotação da moeda norte-americana e oferecer proteção cambial para as empresas em momentos de forte oscilação da cotação.
Na época, os Estados Unidos iniciaram a redução das injeções de dólares na economia mundial. Em agosto daquele ano, o programa de venda de dólares do BC tornou-se permanente, com ofertas diárias de contratos de swap.
Rolagem de vencimentos
O programa durou até março de 2015, quando o Banco Central parou de ofertar novos lotes. Desde então, a autoridade monetária passou apenas a rolar os vencimentos.
Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, o órgão tem lucro.
Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas quando os contratos de swap são favoráveis ao BC e precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando acontece o oposto.
Intervenção no câmbio
Criado em 2001, o swap cambial é uma ferramenta que permite ao BC intervir no câmbio sem comprometer as reservas internacionais. O BC vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar.
No swap cambial, o banco aposta que o dólar subirá mais que a taxa DI (taxa de depósito interbancário, ou seja, a cobrada em transações entre bancos). Os investidores apostam o contrário.
No fim dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes. Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.
Errata: Perda do BC foi de R$ 89,6 bilhões, e não R$ US$ 89,6 bilhões.