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Agência Fitch corta de novo a nota do Brasil e vê mais risco de calote

Do UOL, em São Paulo

05/05/2016 18h12Atualizada em 05/05/2016 19h18

A agência de classificação de risco Fitch viu maiores chances de calote do Brasil e voltou a rebaixar a nota da dívida do país nesta quinta-feira (5). A nota brasileira foi de "BB+" para "BB", com perspectiva negativa, o que pode significar novo corte no curto prazo.

Com isso, o Brasil fica duas notas abaixo do chamado grau de investimento, ou seja, abaixo do "selo de bom pagador".

A Fitch disse, em comunicado, que o rebaixamento reflete “a contração maior que a esperada da economia” e citou a dificuldade do governo em equilibrar as contas públicas. A agência de risco calcula que a dívida bruta do Brasil poderá alcançar quase 80% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017.

Afirmou, ainda, que “as mudanças repetidas nas metas fiscais minam a credibilidade fiscal” e que houve “fracasso do governo em estabilizar a perspectiva para as contas públicas”.

A agência havia tirado o “selo de bom pagador” do Brasil em dezembro.

Com a nota "BB", o Brasil volta ao patamar de classificação de risco que tinha em 2006. A Fitch, em dezembro, previa que o PIB brasileiro teria contração de 2,5% em 2016 e crescimento de 1,2% em 2017. Agora, a agência estima queda de 3,8% este ano e alta de 0,5% no próximo.

Crise política

No comunicado, a Fitch ressalta que o país "continua a enfrentar cenário político muito desafiador" e atribuiu a perspectiva negativa da nota à "incerteza sobre o progresso que poderá ser feito para melhorar as contas públicas".

A agência fez referência também ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A Fitch acredita que qualquer transição política para um novo governo durante o processo de impeachment será suave e pacífica”, diz o texto.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Fazenda informou que não comentará o novo rebaixamento.

Avaliação indica risco de calote 

Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores. 

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.

O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.

O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.

 

Agências falharam na crise de 2008/2009

A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.

Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

(Com agências de notícias)

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