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BC mantém juros em 14,25%, na 1ª decisão com Temer, mas sob antiga direção

Do UOL, em São Paulo

08/06/2016 20h00Atualizada em 08/06/2016 20h26

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (8), manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi a primeira decisão sobre juros no governo do presidente interino, Michel Temer. Foi uma deliberação unânime dos integrantes do Copom.

A taxa foi definida ainda sob comando de Alexandre Tombini, presidente do BC escolhido pela presidente afastada, Dilma Rousseff. O novo presidente do BC, aprovado na terça-feira (7) pelo Senado, Ilan Goldfajn, ainda não havia assumido oficialmente e não participou do processo.

É a sétima reunião seguida em que a taxa permanece no mesmo nível. A Selic chegou aos 14,25% em julho de 2015, e foi mantida nas reuniões seguintes.

Em nota divulgada, o Copom diz que não baixou os juros por causa da inflação alta. Segundo o comitê, houve avanços no combate em inflação, mas que o nível "elevado" dela em 12 meses e "as expectivas de inflação distantes dos objetivos não oferecem espaço para flexibilização da política monetária".

A Selic influencia todos os juros do país, mas é só uma referência: as taxas cobradas dos consumidores são muito mais altas. Em abril, os juros do cartão de crédito chegaram a 449%. Economistas dizem que a poupança está ruim como investimento, e o melhor são outras opções de renda fixa.

Juros básicos em junho 14,25% - Datawrapper - Datawrapper
Imagem: Datawrapper

Juros X inflação

Os juros são usados pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. 

A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 2 pontos, ou seja, pode variar entre 2,5% e 6,5%.

A inflação tem desacelerado nos últimos meses, mas ainda continua bem acima do limite máximo: chegou a 9,34% em 12 meses, segundo os dados mais recentes, da prévia da inflação (IPCA-15) em abril. 

Porém, os juros também estão altos e o país está em recessão. Se o BC subir ainda mais os juros, corre o risco de fazer a economia encolher ainda mais.

Juros para o consumidor são mais altos

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. 

Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em fevereiro chegou a 293,9% ao ano e os juros do rotativo do cartão de crédito, a 447,5% ao ano.

Como sua vida é afetada pelos juros altos?

  • Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro);
  • Sobe o desemprego porque as empresas investem menos;
  • As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação;
  • A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai);
  • A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR;
  • Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic.

(Com Reuters)

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