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Empresa dos EUA sobe preço de pomada para espinha para US$ 10 mil, diz 'FT'

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

21/09/2016 20h05

Já imaginou pagar quase US$ 10 mil (cerca de R$ 32 mil) por um tubo de pomada para espinhas? Pois é isso que uma farmacêutica norte-americana está cobrando por um de seus remédios usados para tratamento de problemas de pele, segundo o jornal britânico "Financial Times".

A companhia Novum Pharma, da cidade americana de Chicago, mais do que dobrou o preço do produto na semana passada, de acordo com a publicação. Um tubo de 60g de Aloquin, usado para tratar acne e eczema, teria subido para US$ 9.561. 

O Aloquin custava US$ 241,50 em maio do ano passado, quando pertencia a outra empresa, a Primus Pharmaceuticals. Desde então, a nova proprietária da marca, a Novum, subiu o preço por três vezes, numa alta total de 3.900%, segundo o jornal.

Outro remédio da mesma empresa, o Alcortin A, também teve a mesma alta. Um terceiro creme, chamado Novacort, passou de US$ 4.186 para US$ 7.142, preço de um tubo de 29 g.

Preço alto, sem resultado garantido

No caso do Aloquin, segundo o "Financial Times", os dois ingredientes principais --iodoquinol e um derivado da aloe vera-- não são caros. Um creme similar, genérico, com o mesmo princípio ativo, pode ser comprado nos EUA por menos de US$ 30.

Além disso, diz o jornal, a bula da pomada indica que ela é "possivelmente efetiva". Isso significa que o órgão dos EUA que regula a venda de medicamentos (Food and Drug Administration) considera que há evidências clínicas limitadas de que ele é seguro e que funciona.

Remédio para Aids subiu 5.000%

A questão do aumento abusivo dos preços de remédios tem sido discutida nos EUA e virou até tema de campanha eleitoral --a candidata democrata à Presidência, Hillary Clinton, criticou as farmacêuticas.

No ano passado, Martin Shkreli, que era presidente da farmacêutica Turing, foi muito criticado por aumentar em 5.000% o preço de um medicamento usado por pessoas com Aids, passando de US$ 13,50 para US$ 750. Depois da repercussão, ele voltou atrás da decisão.

Outra empresa, a Mylan, também foi muito criticada por aumentar muito o preço do EpiPen, injeção de adrenalina usada por quem tem alergia.

Aumento é estratégia

Segundo o "Financial Times", nos últimos anos farmacêuticas têm usado a estratégia de comprar o direito de produzir remédios e aumentar drasticamente seus preços, prática que ficou conhecida como "buy and raise" (comprar e aumentar, em inglês).

O objetivo da tática, segundo a publicação, é comprar e aumentar o preço de remédios que não são usados por muitas pessoas. Esses medicamentos não costumam ter versões concorrentes ou genéricas, porque o custo para desenvolvê-las não justifica o potencial de vendas.