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Petrobras: Nova política de preços prevê revisões ao menos uma vez por mês

Do UOL, em São Paulo

14/10/2016 14h15

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (14) uma redução dos preços dos combustíveis, no primeiro reajuste negativo desde 2009 para a gasolina e o diesel, ao apresentar nova política de preços que promete ser mais transparente e trazer agilidade para atualizar as cotações nas refinarias.

A nova política criou o Grupo Executivo de Mercado e Preços da Petrobras, que vai se reunir pelo menos uma vez por mês para avaliar o cenário e decidir sobre os preços. O grupo é formado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, o diretor de Refino e de Gás Natural, Jorge Celestino, e o diretor Financeiro, Ivan Monteiro. 

Em sua primeira reunião, o grupo decidiu reduzir o preço do diesel em 2,7% e da gasolina em 3,2% nas refinarias, a partir da zero hora de sábado (15)

"É importante ressaltar que, como o valor desses combustíveis acompanhará a tendência do mercado internacional, poderá haver manutenção, redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias", afirmou a empresa, em nota.

Política promete clareza

Parente disse que uma política mais clara para a realização de reajustes será importante para a Petrobras em um momento em que a companhia busca atrair parceiros para a área de refino e distribuição --a empresa está em processo de venda de fatia relevante da BR Distribuidora. 

"Acho que você ter uma política mais clara e adoção de mecanismo de reuniões mensais dará uma transparência maior que vai ser vista muito bem pelo mercado e consumidores, que terão mais previsibilidade do que a Petrobras vai fazer", afirmou Parente.

"A decisão do grupo gestor levou em conta o crescente volume de importações, o que reduz a participação de mercado da Petrobras, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo e derivados", explicou a estatal em nota.

Diretrizes

A nova política é norteada por dois fatores: o preço do petróleo no mercado internacional (incluindo gastos com transporte e taxas portuárias) e uma margem para lucro, impostos e proteção de riscos, como variações na cotação do dólar.

A política também visa preservar o nível de participação no mercado e garantir que os preços nunca fiquem abaixo do praticado no exterior. A última vez que a Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel foi em 9 de junho de 2009, quando o valor do primeiro caiu 4,5% e o do segundo foi reduzido em 15%, segundo a estatal.

Preços no exterior

Com os preços dos combustíveis mais baixos no exterior do que no Brasil, muitos integrantes do mercado estavam aproveitando para importar derivados e ganhar mercado da estatal no país.

Parente destacou que o governo federal, acionista majoritário, e o Conselho de Administração da companhia não foram previamente informados sobre quais seriam os percentuais de reajuste e quando eles aconteceriam.

O comportamento foi muito diferente do que acontecia em gestões anteriores, quando os reajustes eram decididos dentro de reuniões do Conselho de Administração, composto anteriormente por alguns integrantes do governo como o ministro da Fazenda.

Fórmula para calcular os preços

Em outubro de 2013, o Conselho de Administração da estatal avaliou uma proposta de nova metodologia de reajuste dos combustíveis. A ideia era ter reajustes automáticos e periódicos, acompanhando a variação do preço do petróleo no mercado internacional.

Na época, a presidente da estatal era Graça Foster, o presidente do Conselho era o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e a presidente do país era Dilma Rousseff.

Porém, a fórmula teria desagradado Dilma, porque poderia aumentar a inflação e criar um mecanismo indesejável de indexação (aumentos automáticos sempre que uma determinada situação é atingida). A indexação foi um dos problemas para o país controlar a hiperinflação que existia até os anos 90.

Em dezembro de 2013, sob pressão dos investidores, a Petrobras informou que havia aprovado a implementação de uma política de preços e que os reajustes não seriam automáticos. A estatal, porém, não revelou a "fórmula" que seria adotada para o cálculo, e disse, em nota: "por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia".

A estatal informou, apenas, que o cálculo para determinar os preços dos combustíveis levaria em conta o preço de referência dos derivados no mercado internacional, a taxa de câmbio do momento e a origem do produto vendido --se importado ou refinado no Brasil.

Analistas criticaram essa decisão, alegando que a falta de clareza sobre os critérios mantém incertezas para o mercado.

(Com Reuters) 

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