IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Tênis com rodinha e LED viram modinha e dão fôlego a fabricantes de calçado

Thâmara Kaoru

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/01/2017 04h00

Os fabricantes de sapatos em geral vêm enfrentando crise nas vendas, mas algumas empresas encontraram a salvação em um tipo específico de calçado: os tênis com rodinhas ou luz LED --ou com os dois ao mesmo tempo--, que viraram "modinha" entre as crianças.

O setor de sapatos viu as vendas caírem 16% de janeiro a outubro de 2016, na comparação com o mesmo período de 2015, segundo a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).

Na contramão, a Ortopé investiu na moda e conseguiu um crescimento de 35% no ano passado, calcula o gerente de marketing, Fabio Schmitz. A fabricante diz que esperava vender 200 mil pares de tênis desse tipo, mas conseguiu chegar a 350 mil. A expectativa agora é alcançar 500 mil pares vendidos até o meio deste ano.

Inspiração veio da delegação britânica na Rio 2016

A primeira aposta foi no tênis com rodinha, em março do ano passado, após pesquisas nos Estados Unidos. Lá, até os adultos usam o item como meio de transporte, segundo Schmitz. Em agosto, depois das Olimpíadas, a fabricante lançou o tênis com LED, inspirada na delegação britânica, que usou o calçado na cerimônia de encerramento da Rio 2016.

Tênis usados pela delegação britânica inspirou fabricante - AP/David Goldman - AP/David Goldman
Tênis usados pela delegação britânica inspirou fabricante
Imagem: AP/David Goldman

Em novembro, a empresa decidiu unir as duas tendências e lançou o Ortopé Estica e Puxa com Rodinha e Luzinhas.

Além das rodas, que são removíveis, há oito cores diferentes de LED. O produto vem com um cabo USB para recarregar a luz. Os preços variam de R$ 299 a R$ 549,90, conforme o modelo, e é possível encontrá-los até a numeração 38.

Lançamento na Black Friday e app no celular

A Calçados Bibi viu um aumento de 23% nas vendas em 2016 com os tênis com LED, segundo o presidente, Marlin Kohlrausch. A empresa lançou o modelo CLIQU3-SE Colors em novembro, durante a Black Friday, liquidação criada nos Estados Unidos e copiada no Brasil. Somente nesse mês, a alta nas vendas chegou a 55%.

O calçado pisca em sete cores diferentes (branco, vermelho, rosa, azul claro, azul escuro, amarelo e verde) e vem com cabo USB para ser recarregado. As luzes duram, em média, cinco horas. O modelo custa cerca de R$ 219,90 e a numeração vai de 23 a 37.

A empresa pretende lançar, em fevereiro, um aplicativo de celular quer permite controlar a cor da luz, os efeitos e até sincronizar a velocidade com a música do telefone ou com o som ambiente. O Cliqu3-se App deve custar R$ 399,90, segundo a fabricante.

Versão com rodinhas e com LED

A Pampili, voltada para meninas, também apostou no tênis com LED no final do ano passado. O produto custa cerca de R$ 250 e a numeração varia de 29 a 37.

Segundo Silvano Pereira de Souza, responsável pela área comercial, em março a marca deve lançar uma versão com rodinhas e com LED. O preço não foi definido, mas deve ficar acima de R$ 300.

Tem também para adultos

A febre dos tênis com luz LED não ficou restrita às crianças; eles viraram sucesso também entre gente grande nos últimos meses.

A Vizzano decidiu apostar no produto com numeração para adultos. É possível encontrar o modelo Sport Chic com LED para quem calça entre 33 e 40. O preço médio é de R$ 239,90, nas cores branca ou preta, e R$ 249,90 nas versões metalizadas, como prata, dourado, grafite e ouro rosado ou verniz preto.

Pode usar sem risco à saúde?

Se o tênis com rodinha for usado nas horas vagas, como acontece com os patins, não é prejudicial para as crianças, diz Edison Noboru Fujiki, professor titular de ortopedia da Faculdade de Medicina do ABC.

O risco existente é de queda. "Há risco de cair ou bater em algum lugar, mas isso é inerente a qualquer atividade. O tênis em si não é prejudicial."

Pode acontecer um desconforto muscular em quem usa o calçado com rodinha, segundo Bruno Massa, médico assistente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas. "A criança tem que usar uma musculatura que não está acostumada quando coloca o tornozelo para cima para deslizar. O uso frequente pode causar dor nessa musculatura [da parte da frente da canela], chamada de tibial anterior."

Segundo ele, é o mesmo que acontece, por exemplo, quando carregamos uma sacola pesada e ficamos com o braço dolorido depois.