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Após operação Carne Fraca, Coreia do Sul suspende venda de frango da BRF

Do UOL, em São Paulo

20/03/2017 08h31

A Coreia do Sul proibiu temporariamente a venda de produtos de frango da BRF, das marcas Sadia e Perdigão, informou o Ministério de Agricultura sul-coreano nesta segunda-feira (20).

A empresa é uma das envolvidas na operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção para liberar a venda de carne estragada e com outras irregularidades.

O governo da Coreia do Sul também afirmou que vai intensificar a fiscalização. Fornecedores brasileiros de carne de frango terão que enviar um certificado de saúde emitido pelo governo brasileiro. Mais de 80% das 107.400 toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul no ano passado vieram do Brasil, sendo quase metade fornecida pela BRF. 

Temer reuniu embaixadores

A suspensão acontece logo depois de uma reunião do presidente Michel Temer, na véspera, com embaixadores de 33 países. Segundo o Palácio do Planalto, o embaixador da Coreia do Sul estava presente.

Temer apresentou números para mostrar que os casos investigados pela PF são pontuais e não comprometem o sistema brasileiro de fiscalização. O setor é um dos principais da economia, sendo responsável por US$ 12 bilhões em exportações por ano.

O ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criticou a PF pelo que ele chamou de "erros técnicos" cometidos na operação. Segundo ele, a polícia considerou que alguns frigoríficos adotaram práticas proibidas e, na verdade, elas são permitidas pela regulamentação do setor.

Após o encontro, Temer convidou os embaixadores para participar de um churrasco em uma das mais procuradas casas de Brasília (DF), o Steak Bull.

Operação Carne Fraca

A operação deflagrada pela PF na sexta foi a maior de sua história e revelou que cerca de 30 empresas do setor, incluindo as gigantes JBS, dona da Friboi a da Seara, e a BRF, adulteravam a carne que vendiam nos mercados interno e externo.

De acordo com a PF, auditores fiscais do ministério da Agricultura recebiam propina, em dinheiro, lotes de carne ou presentes, para afrouxar a fiscalização e liberar a venda de carne irregular.

A BRF aparece na investigação porque funcionários são acusados de subornar fiscais para evitar a suspensão de uma fábrica onde havia incidência da bactéria salmonela. A empresa também teria vendido produtos fora do padrão exigido, como frangos com mais água do que o permitido.

O gerente de relações institucionais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, foi preso.

A empresa diz que algumas das alegações da PF são falsas ou baseadas em mal entendido. Procurada pelo UOL para falar sobre a medida tomada pela Coreia do Sul, a empresa não respondeu até o momento.