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Maggi: reação de países é 'natural', mas barrar importação seria 'desastre'

 Karime Xavier / Folhapress
Imagem: Karime Xavier / Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

20/03/2017 18h10Atualizada em 20/03/2017 20h24

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PMDB), afirmou nesta segunda-feira que a reação dos países após as denúncias feitas pela operação Carne Fraca veio dentro do esperado. Segundo ele, "é natural" que os importadores de carne peçam mais informações sobre a qualidade dos produtos, mas se barrarem totalmente as importações seria um "desastre", e o Brasil poderia reagir.

A Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, revelou um esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberar carnes adulteradas sem fiscalização. Segundo a PF, empresas teriam usado substâncias para 'mascarar' a aparência de carnes podres e utilizado carne estragada e papelão na composição de salsichas e linguiças, entre outras irregularidades. 

Segundo o Ministério da Agricultura, são 21 os frigoríficos envolvidos na investigação (18 são do Paraná, 2 de Goiás e um de Santa Catarina). Desses, quatro exportaram para a Europa e apenas um para a China. Todas as 21 empresas tiveram as exportações suspensas "preventivamente", segundo Maggi.

Reações dos países

"Publicamos no nosso site para quais países foram mandados esses produtos. É natural que os países peçam informação", disse. A lista inclui mais de 30 países para os quais os produtos com origem nos frigoríficos investigados foram exportados.

"Nós mesmos faríamos isso aqui no Brasil [se o caso ocorresse em outro país]", disse o ministro. "Mas espero que isso esteja circunscrito aos 21 [estabelecimentos sob suspeita]", afirmou. 

A China suspendeu a entrada de carne brasileira no país até o Brasil prestar esclarecimentos. A Coreia do Sul também afirmou que vai intensificar as fiscalizações de carne de frango importada do Brasil e banir temporariamente as vendas de produtos de frango da BRF, dona da Sadia e da Perdigão e maior produtora de carne de frango do mundo. A Comissão Europeia disse que todas as empresas envolvidas no escândalo de carne terão acesso negado ao mercado da União Europeia.

O Chile também anunciou a suspensão das importações de carne brasileira. Maggi disse que ainda não sabe se o Chile está barrando apenas as 21 unidades sob investigação ou todas as importações de carne do Brasil. "O que não gostaria de ver no Chile é a suspensão total [das importações], por isso que disse que quero saber exatamente o que vai acontecer", afirmou.

Maggi afirmou que o Brasil pode endurecer as tratativas com países que ameacem suspender as exportações nacionais. "Se tiver que ter uma reação mais forte, para proteger o mercado brasileiro, eu farei com toda tranquilidade", disse. "Já pedi isso ao presidente [Michel] Temer na reunião, se tinha a sua aquiescência para ser um pouco mais duro nessa questão, e ele me disse que sim."

'Desastre'

Caso os países que já sinalizaram restrições à carne brasileira suspendam as importações, isso representaria um "desastre", segundo o ministro. "Com toda certeza [seria] um desastre"

Segundo o ministro, a prioridade do governo neste momento é responder com rapidez a todos os questionamentos de governos estrangeiros sobre a qualidade dos produtos nacionais. 

"No mercado externo temos que correr, porque não podemos permitir o fechamento. No momento que há o fechamento de um mercado desse, para você reabrir são muitos anos de trabalho", disse.

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