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Auditoria do governo começa em fábrica de SC suspeita de usar carnes podres

20.mar.2017 - Inspeção sanitária em unidade da Peccin em Jaraguá do Sul (SC) - Fabrizio Motta/Fotoarena/Estadão Conteúdo
20.mar.2017 - Inspeção sanitária em unidade da Peccin em Jaraguá do Sul (SC) Imagem: Fabrizio Motta/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis (SC)

21/03/2017 14h13Atualizada em 29/03/2017 11h58

O pente-fino do governo federal em frigoríficos envolvidos na operação Carne Fraca começou pela unidade da Peccin Agroindustrial em Jaraguá, no norte de Santa Catarina. Os principais produtos fabricados pela empresa são presuntos, linguiças e salsichas.

A empresa é suspeita de "maquiar" carnes podres usando vitamina C, segundo a Polícia Federal. Ainda segundo a PF, a Peccin teria usado carne de frango em produtos a base de carne bovina, para cortar custos, e falsificado notas fiscais de compra dos produtos. Um dos sócios da empresa foi preso.

Procurada pela reportagem do UOL, a empresa disse que não se pronunciará. Em nota, afirmou que "lamenta a divulgação precipitada de inverdades sobre o seu sistema de produção, sendo que as informações repassadas ao grande público foram no afã de justificar os motivos da Operação Carne Fraca, modificando os fatos e comprometendo a verdade".

Presunto azedo e cabeça de porco

O frigorífico Peccin pertence aos irmãos Idair Antonio Piccin e Normélio Peccin Filho. Em uma gravação divulgada pela PF, eles discutem a venda de presunto podre. "Pode usar que tá sem cheiro de azedo", diz Normélio. Em outra ligação, Nair, mulher de Idair Antonio, fala sobre o uso de cabeça de porco para produção de linguiça, o que é proibido por lei.

Normélio está detido no Presídio Regional de Joinville (SC), mas deve ser transferido à Superintendência Regional da Polícia Federal, no Paraná, até sexta-feira, segundo o Departamento de Administração Prisional.

Frigorífico produz para 8 marcas

O frigorífico Peccin é dono da marca Italli Alimentos, mas também produz alimentos para outras marcas "que não têm planta [fábrica] processadora", segundo Jacir Massi, superintendente do Ministério da Agricultura em Santa Catarina. Massi não quis informar quais marcas seriam porque elas podem não estar envolvidas nas investigações.

Em seu site, a Peccin afirma que fabrica alimentos para oito marcas: Frango Amazonas, Fricasa, GuiBon, Proteinorte, Marba, Super Frango, Agrovêneto, e Canção Golçalves & Tortola S/A.

Como será a auditoria

A fábrica da Peccin em Jaraguá (SC) tem 80 funcionários e produz cerca de 10 mil toneladas de alimentos por mês, segundo o ministério. A unidade foi interditada na sexta-feira (17) e a inspeção do governo começou na segunda-feira (20).

A nova fiscalização é feita por três auditores do Ministério da Agricultura e um agente da Polícia Federal. O trabalho deve ser concluído na tarde desta quarta-feira (22) e o laudo da auditoria deve ser entregue em 20 dias.

O objetivo é analisar 18 aspectos no processo, segundo Massi. Por exemplo, qualidade da água, o controle de insetos e roedores, o recebimento das matérias-primas, a refrigeração, a higiene pré-operacional, o bem-estar dos animais abatidos, todo o sistema de processamento da carne e o produto final, incluindo, embalagens e descrições.

Serão coletadas dois tipos de provas: as documentais (notas e papéis que comprovem a falsificação de notas fiscais ou prática de corrupção) e amostras de carnes (tanto da matéria-prima usada até o produto final), também de acordo com Massi. As amostras serão enviadas para análise no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Porto Alegre (RS).

"Depois, a fábrica ficará em regime especial de fiscalização. Nada entrará ou sairá sem ser inspecionado pelos fiscais", disse Massi.

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