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Que empresas são suspeitas por carne podre? Veja esta lista e tire dúvidas

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Do UOL, em São Paulo

21/03/2017 14h36Atualizada em 26/03/2017 11h04

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou, nesta terça-feira (21), os motivos pelos quais as 21 empresas da Operação Carne Fraca estão sendo investigadas (uma delas, a Peccin, entra duas vezes na conta porque são duas unidades diferentes em investigação).

Há suspeitas de venda de carne estragada e de corrupção de fiscais. Seis delas são suspeitas de vender carne deteriorada, vencida ou alterada. A maioria das 21 citadas não tem relação com carne estragada, mas com problemas administrativos, segundo o ministério.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, contestou as informações apresentadas pela Polícia Federal. Segundo ele, o ácido divulgado como cancerígeno é vitamina C e o papelão que teria sido misturado aos embutidos se refere a embalagens.

Depois de divulgada essa lista do ministério, foram constatados problemas nela. De acordo com a lista, empresas gigantes do setor, como JBS (dona da Seara, que está na lista) e BRF (Sadia e Perdigão) não são suspeitas de vender carne estragada ou alterada.

Porém, no caso da BRF, o relatório da Polícia Federal reproduz um diálogo entre funcionários afirmando que há contaminação de salmonella em granjas de frango e de peru. Gravações mostram diretor da BRF discutindo a questão (ouça os diálogos aqui). A empresa nega irregularidades.

Em outro exemplo de erro na lista, a Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos, de Campo Magro (PR), foi incluída como irregular, mas não é investigada pela PF. O Ministério da Agricultura e a Polícia Federal não explicaram o que aconteceu (leia reportagem do UOL sobre esse erro aqui).  

Entenda abaixo quais são as acusações para cada empresa:

Suspeita de carne estragada ou vencida, uso de papelão ou outras carnes

- BRF: suspeita de salmonella em granjas de frango e de peru. A acusação não consta na lista do Ministério da Agricultura, mas está em relatório da Polícia Federal.

- Peccin Agro Industrial, do Jaraguá do Sul (SC) e de Curitiba (PR) : suspeita de utilizar carne estragada em salsicha e linguiça e utilizar aditivos acima do limite ou proibidos. Também é acusada de usar em excesso CMS (carne mecanicamente separada, que é obtida por moagem e separação de ossos de animais) e preparar amostras no padrão exigido só quando era fiscalizada.

- Frigorifico Larissa, de Iporã (PR): suspeito de vender produtos vencidos, trocar etiquetas e transportar produtos sem a temperatura adequada.

- Frigorífico Souza Ramos, em Colombo (PR): suspeito de substituir matéria-prima de peru por carne de outras aves.

- Central de Carnes Paranaense - Colombo (PR): suspeita de injetar produtos cárneos

- Transmeat Logística, Transportes e Serviços - Balsa Nova (PR): suspeito de injetar produtos cárneos

Suspeita de corrupção e fraudes administrativas

Fora os problemas de qualidade das carnes, há investigação sobre corrupção e outras fraudes administrativas, como dificultar ações de fiscalização, irregularidades no procedimento de certificação sanitária, tentativa de evitar a suspensão de exportações, poluição ambiental, uso de senha de servidor do Ministério da Agricultura e falta de controle no recebimento da matéria-prima. Confira a lista das empresas com essas acusações:

  • Seara (da JBS) – Lapa (PR): Irregularidades no procedimento de Certificação Sanitária
  • BRF - Mineiros (GO): Corrupção, embaraço da fiscalização internacional e nacional e tentativa de evitar a suspensão de exportação
  • Frigorífico Oregon - Apucarana (PR): Corrupção e tornar difícil as ações de fiscalização
  • Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos – Arapongas (PR): Corrupção
  • Frigorífico Argus - São José dos Pinhais (PR): Uso de senha do servidor do Ministério da Agricultura pelo funcionário da empresa
  • Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes - Arapongas (PR): Poluição ambiental e corrupção
  • JJZ Alimentos - Goianira (GO): Embaraço da atividade de fiscalização e corrupção
  • Frigorífico Rainha da Paz - Ibiporã (PR): Corrupção
  • Indústria de Laticínios S.S.P.M.A. - Sapopema (PR): Dificultar as ações de fiscalização
  • Central de Carnes Paranaense - Colombo (PR): Corrupção
  • Breyer & CIA - União da Vitória  (PR): Corrupção
  • E.H. Constantino & Constantino - Londrina (PR): Corrupção
  • Fábrica de Farinha de Carnes Castro - Castro (PR): Não controle de recebimento de matéria-prima
  • Transmeat Logística, Transportes e Serviços - Balsa Nova (PR): Corrupção

Suspeitas ainda não reveladas

Há, ainda, empresas com irregularidades em apuração, cujos problemas não foram divulgados pelo ministério. São estas três:

  • Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos - Campo Magro (PR). A empresa foi colocada na lista, mas não é investigada pela PF. O Ministério da Agricultura e a Polícia Federal não explicaram o que aconteceu (leia reportagem do UOL sobre esse erro aqui). 
  • Balsa Comércio de Alimentos - Balsa Nova (PR)
  • Madero Indústria e Comércio - Ponta Grossa (PR)

Respostas das empresas

A JBS disse, em nota, que "o ministro da Agricultura, Blairo Maggi esteve na única instalação da JBS citada na investigação e constatou o rigor nos processos industriais".  A empresa afirma que "nenhuma das unidades da companhia foi interditada e não foi identificado nenhum problema em seus produtos. A JBS segue os mais rígidos padrões e protocolos nacionais e internacionais de qualidade e de segurança alimentar".

"A companhia reafirma seu compromisso de respeito e transparência com o governo, colaboradores e consumidores. A JBS ressalta que não compactua com qualquer desvio de conduta de seus funcionários e tomará todas as medidas cabíveis", registra a nota.

A BRF informou que “não compactua com práticas ilícitas” e que, ao ser informada da operação da PF, tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. “Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário”.

Em nota em seu site, a Peccin Agro industrial informou que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e “lamenta a divulgação precipitada de inverdades sobre o seu sistema de produção”.

A Frigorífico Larissa disse que o Ministério da Agricultura faria uma inspeção no estabelecimento nesta terça-feira (21) e que após a conclusão do laudo poderia dar um posicionamento.

O advogado da Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos, João Francisco Monteiro Sampaio, afirmou que a empresa ainda não sabe o motivo pelo qual foi incluída na lista.

Em nota em seu site, o Frigorífico Rainha da Paz informou que “mantém rigoroso controle de qualidade e de higiene em seu processo produtivo, com cumprimento das normas sanitárias pertinentes”.

A Breyer & Cia informou que é uma empresa de mel e cera de abelhas e não tem relação comercial com frigoríficos. “Quanto ao pagamento de contraprestações apontadas na investigação dos frigoríficos, a empresa Breyer não necessita de favorecimentos considerando seu comprometimento com a qualidade”. A empresa se diz contra esse tipo de ação.

A Frango D M Indústria e Comércio de Alimentos disse que a empresa foi mencionada devido à doação de duas caixas de carne de frango. O proprietário da empresa, Domingos Martins, informou, por meio de nota, que o fato realmente aconteceu e foi autorizado como uma contribuição a um evento sem fins lucrativos. “Após vistoria na indústria, realizada na sexta-feira (17), nenhuma irregularidade foi verificada e a produção segue normalmente”.

O presidente do Madero, Junior Durski, informou, por meio de nota, que colaborou com a Polícia Federal e fará o mesmo com o Ministério da Agricultura. "Estou muito tranquilo, pois sei que os controles na nossa fábrica são irretocáveis e ainda espero que no desenrolar das investigações tudo fique esclarecido". Ele disse ainda que a cadeia produtiva não pode ser prejudicada por "poucos frigoríficos irregulares".

O Grupo Argus informou não solicitou a qualquer servidor do Ministério da Agricultura senhas para acessar ambientes restritos e promover liberações indevidas. A empresa afirma ainda que espera que os fatos sejam urgentemente apurados para que se constate sua idoneidade.

A JJZ Alimentos informou que está dentro das normas e exigências legais, com habilitação para comercialização de seus produtos no mercado interno e externo. A empresa diz ter certeza de que nenhuma irregularidade foi ou será encontrada.

O UOL não conseguiu contato por telefone com as empresas Oregon, Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes, Indústria de Laticínios S.S.P.M.A, Central de Carnes Paranaense, Frigorífico Souza Ramos, E.H. Constantino & Constantino, Fábrica de Farinha de Carnes Castro e Transmeat Logística.

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