Frigorífico interditado na Carne Fraca demite empregados sem pagar direitos
O frigorífico Peccin Agro Industrial, um dos principais alvos da Operação Carne Fraca, demitiu os 177 funcionários de sua unidade em Jaraguá do Sul (SC) entre segunda (27) e terça-feira (28). Os empregados não receberam parte dos direitos trabalhistas --como férias, 13º salário e aviso prévio indenizado-- e reclamam que o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) não era depositado havia cinco meses. Os 340 empregados da unidade da Peccin em Curitiba (PR) também devem ser dispensados nesta semana.
As informações são do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Jaraguá e Região, Valcir Braga Rodrigues. Ele estima que também devem ficar sem emprego outros 123 funcionários terceirizados de Jaraguá, que atuam em setores como limpeza, transporte e serviços portuários.
As duas unidades da Peccin foram interditadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A empresa teve os bens bloqueados e um dos donos foi preso --Normélio Peccin Filho. O Ministério da Justiça pediu o recolhimento do mercado de todos os produtos da Peccin, e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que deixem de ser usados por bares, lanchonetes e restaurantes por 90 dias.
"Estamos pesquisando o tamanho dessa dívida para resolver a situação o quanto antes. A Justiça bloqueou todas as contas da Peccin. Então, a princípio, eles não vão fazer nenhum acerto. Teremos que recorrer à Justiça", disse Rodrigues. Segundo ele, a empresa afirmou que pretende tomar um empréstimo com a Caixa Econômica Federal para bancar os direitos trabalhistas.
O sindicato dos trabalhadores disse que vai entrar com uma ação judicial nesta semana pedindo que o maquinário da empresa seja apreendido como garantia dos acertos trabalhistas.
O supervisor de produção da unidade, Rafael Tomasoni, afirmou que a medida de rompimento de contratos foi tomada entre supervisores e gerentes da fábrica. "Vivemos uma incerteza momentânea, não temos contato com a direção, pois ainda estão presos. As medidas estão sendo tomadas por mim e outros supervisores, tentando achar as melhores alternativas", disse.
A empresa, que se manifesta apenas por meio de nota, diz que "lamenta a divulgação precipitada de inverdades sobre o seu sistema de produção, sendo que as informações repassadas ao grande público foram no afã de justificar os motivos da operação Carne Fraca, modificando os fatos e comprometendo a verdade".
Suspeita de presunto podre
A empresa é suspeita de "maquiar" carnes podres usando vitamina C, segundo a Polícia Federal. Ainda segundo a PF, a Peccin teria usado carne de frango em produtos a base de carne bovina, para cortar custos, e falsificado notas fiscais de compra dos produtos.
O frigorífico pertence aos irmãos Idair Antonio Piccin e Normélio Peccin Filho. Em uma gravação divulgada pela PF, eles discutem a venda de presunto podre. "Pode usar que tá sem cheiro de azedo", diz Normélio. Em outra ligação, Nair, mulher de Idair Antonio, fala sobre o uso de cabeça de porco para produção de linguiça, o que é proibido por lei.
Por estar em evidência, o pente-fino do governo federal começou na unidade da Peccin em Jaraguá do Sul (SC). O laudo foi concluído após 48 horas, no dia 22, e deve ser divulgado no dia 12 de abril.
Frigorífico produz para 8 marcas
O frigorífico Peccin é dono da marca Italli Alimentos, mas também produz alimentos para outras marcas "que não têm planta [fábrica] processadora", segundo Jacir Massi, superintendente do Ministério da Agricultura em Santa Catarina. Massi não quis informar quais marcas seriam porque elas podem não estar envolvidas nas investigações.
Em seu site, a Peccin afirma que fabrica alimentos para oito marcas: Frango Amazonas, Fricasa, GuiBon, Proteinorte, Marba, Super Frango, Agrovêneto, e Canção Golçalves & Tortola S/A.
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