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Governo encontra bactérias em carnes de 2 de 21 empresas investigadas

Vinicius Boreki/UOL
Imagem: Vinicius Boreki/UOL

Do UOL, em São Paulo

06/04/2017 13h19Atualizada em 07/04/2017 10h23

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki, afirmou nesta quinta-feira (06) que o governo recolheu 302 amostras de 21 empresas investigadas na Operação Carne Fraca. Do total analisado, oito amostras, de 2 empresas diferentes, apresentaram bactérias.

A bactéria salmonella foi encontrada em sete amostras de hambúrgueres da empresa Transmeat, dona da marca Novilho Nobre, segundo o ministério. O problema foi identificado em três lotes diferentes. Em um lote de linguiça cozida da empresa Frigosantos foi encontrada a bactéria estafilococos.

O secretário explicou que não foram reportados problemas de saúde pelo consumo desses produtos, mas tanto a salmonela quanto os estafilococos podem causar vômito e diarreia. Ele disse que existem vários tipos de salmonela e a que foi encontrada não produz esses sintomas, mas o regulamento não permite a presença dessa bactéria em hambúrgueres.

O advogado da Frigosantos, João Francisco Sampaio, afirmou que a empresa não foi informada sobre a irregularidade. Já a Transmeat informou que as amostras foram de hambúrgueres de carne bovina, com gordura suína. A empresa afirmou que uma nota técnica do Ministério da Agricultura estabelece a possibilidade da presença de salmonella em produtos com ingredientes de origem suína.

As linhas de produção desses produtos foram interditadas e a produção será descartada, segundo o ministério. O consumidor poderá identificar esses produtos pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) impresso na embalagem: 4644 (Transmeat) e 2021 (Frigosantos). 

2 empresas perderão a licença

Dois frigoríficos perderão a licença do Ministério da Agricultura, segundo Novacki. A Peccin Agro Industrial, com unidades em Jaraguá do Sul (SC) e Curitiba (PR), e a Central de Carnes Paranaense, sediada em Colombo (PR), terão cancelados o SIF (Serviço de Inspeção Federal), um selo obrigatório para os produtos de origem animal. 

UOL tentou contato com o frigorífico Peccin por telefone na manhã desta quinta-feira, mas ninguém havia atendido até a publicação desta nota. A Central de Carnes Paranaense disse que a própria empresa solicitou o cancelamento do SIF.

Amido em salsicha e água em frango

Segundo o governo, 31 amostras de carnes verificadas pelo ministério apresentaram outros tipos de problemas.

Os embutidos produzidos pela Souza Ramos continham ácido sórbico, um conservante proibido para salsichas e linguiças.

Outra fraude detectada foi excesso de água no frango da BRF processado em Mineiros (GO), que está interditado desde o início da operação, e pela Frango DM. Foi encontrado também excesso de amido em salsichas produzidas pela Peccin Agro Industrial.

Essas empresas foram notificadas e os lotes desses produtos foram recolhidos, segundo o secretário.

A BRF informou que alguns dos resultados de testes que medem o teor de água no descongelamento de carcaças de frango, realizadas pelo Ministério da Agricultura em frangos congelados produzidos em seis datas diferentes na unidade de Mineiros (GO) foram divergentes dos resultados dos controles realizados dentro da unidade produtora.

A empresa afirma que existem variáveis que podem interferir nos resultados dos testes de frangos congelados coletados nos centros de distribuição, como condições de transporte. A BRF informou que já solicitou contraprova ao ministério e que, até uma resposta definitiva, os produtos permanecerão retidos, "apesar da inexistência de riscos à saúde do consumidor".

A Frango DM informou que ainda não foi comunicada oficialmente sobre os laudos mencionados, mas que solicitará a contraprova. A empresa afirma que o processo de produção da fábrica é analisado periodicamente pelo Serviço de Inspeção Federal e pelo controle de qualidade da companhia. "Os resultados destes levantamentos não apontaram falhas no processo de fabricação". A Frango DM disse ainda que os resultados diferentes podem ter ocorrido devido a fatores externos ao ambiente da fábrica.

A Souza Ramos não quis comentar.

Carne estragada

A Operação Carne Fraca da Polícia Federal revelou um esquema de pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberar carnes adulteradas sem fiscalização.

Segundo a PF, as empresas teriam usado substâncias para "mascarar" a aparência de carnes podres, utilizando carne estragada na composição de salsichas e linguiças, cometido irregularidades na rotulagem e na refrigeração das peças e usado mais água que o permitido em frangos.

Mercado aberto

O Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse na quarta-feira (5), em Buenos Aires, na Argentina, que o Brasil já conseguiu reabrir a maioria dos mercados que haviam imposto restrições às carnes brasileiras. Ele informou que, nesta semana, Jamaica e Barbados voltaram a comprar do país.

Outros mercados, como Hong Kong, China, Egito e Chile, haviam decidido reabrir o mercado no final de março.

(Com Reuters e Agência Estado)