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Renúncia de Temer seria o melhor para não prejudicar economia, diz analista

Eduardo Anizelli/Folhapress
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Téo Takar

Colaboração para o UOL, de São Paulo

18/05/2017 13h32


A delação premiada dos donos do frigorífico JBS, envolvendo o presidente Michel Temer, antecipou repentinamente em quase um ano e meio a corrida presidencial, avalia o pesquisador de economia aplicada do Ibre/FGV, Marcel Balassiano.

"Já havia uma grande incerteza sobre quem seriam os candidatos em 2018. Essa crise piorou ainda mais o quadro, porque, além de antecipar essa incerteza, criou uma necessidade extra, que é um governo tampão até o fim de 2018", afirma o especialista.

Reformas congeladas por meses

Com isso, a principal questão econômica para este ano –a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência no Congresso- deverá ficar congelada por alguns meses até que toda a confusão em torno da sucessão presidencial seja resolvida, prevê Balassiano.

"O cenário neste momento é que o Michel Temer não tem condições de permanecer na Presidência. Resta saber de que forma ele vai sair", diz o especialista. Na sua avaliação, a renúncia seria a forma mais rápida e com menor impacto para a economia.

Impeachment e cassação no TSE são demorados

Por outro lado, a abertura de um processo de impeachment poderia se arrastar por meses, inviabilizando o avanço das reformas no Congresso e gerando ainda mais apreensão entre empresários e investidores, cuja consequência seria a estagnação econômica.

"Outra possibilidade cogitada é que Temer saia por causa do julgamento do processo de cassação da chapa no TSE, previsto para junho. Mas eu não acho que essa alternativa seja rápida, pois ele ainda pode recorrer ao STF", diz Balassiano.

Quanto mais demorar, mais economia sofre

"Quanto mais demorar a solução para essa crise política, mais a economia vai sentir. Tudo fica parado, literalmente. E, se a economia não reage, o desemprego também vai persistir por mais tempo", alerta o especialista do Ibre/FGV.

Uma vez definido o governo tampão, Balassiano avalia que o desafio de levar as reformas adiante será ainda mais difícil. "Quem assumir vai ter que retomar a agenda de reformas. Em qualquer lugar do mundo, reforma já seria difícil de passar. Aqui, Temer ainda tinha uma base política relativamente forte. Será que um governo tampão vai ter apoio suficiente para aprovar um tema tão polêmico?", questiona.

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