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Agência Moody's piora perspectiva de nota do Brasil e cita crise política

Mike Segar/Reuters
Imagem: Mike Segar/Reuters

Do UOL, em São Paulo

26/05/2017 17h58Atualizada em 26/05/2017 19h33

A agência de classificação de riscos Moody's piorou nesta sexta-feira (26) a perspectiva da nota do Brasil de estável para negativa. Isso significa que a classificação da dívida pública brasileira corre o risco de ser rebaixada a qualquer momento.

A mudança acontece pouco mais de dois meses após a agência ter melhorado a perspectiva brasileira de negativa para estável.

A nota de crédito ("Ba2") não foi alterada, e o país continua sem o "grau de investimento", uma espécie de selo de bom pagador. Isso indica que ainda não é considerado um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro porque tem um alto risco de dar calote.

De acordo com comunicado da agência, a piora na perspectiva da nota do país foi motivada por "aumento de incerteza com as reformas após recente crise política". Além disso, a Moody's também cita uma "ameaça à recuperação econômica a médio prazo" como motivação para a decisão.

A crise do governo Temer estourou na semana passada, com a revelação da delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, que gravou uma conversa com o presidente. A partir de então, Temer virou alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.

Após a decisão da Moody's, o ministério da Fazenda informou, em nota, que reafirma seu compromisso com a continuidade da implementação da agenda de reformas estruturais necessárias à recuperação econômica. A Fazenda afirmou, ainda, que mantém "intenso diálogo e coordenação com o Congresso Nacional, sinalizando o empenho para alcance da estabilidade da política econômica".

Segunda piora em uma semana

Com a piora na perspectiva, a Moody's acompanha a decisão de outra agência de risco. Na segunda-feira (22), S&P Global Ratings anunciou que colocou a nota de crédito brasileira em revisão para possível rebaixamento nos próximos três meses.

A decisão também foi baseada no quadro de elevação da incerteza política. Pela escala da S&P, a nota de crédito do Brasil está hoje em "BB" com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado "selo de bom pagador". Um novo rebaixamento levaria a nota do Brasil para três degraus abaixo no grau de investimento.

Avaliação indica risco de calote 

Um governo ou empresa consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo ou empresa tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores. 

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e é preciso pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O rating, ou classificação de risco, indica aos investidores se um país, empresa ou negócio é considerado um bom pagador ou não.

O chamado grau de investimento, por exemplo, indica que tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país ou empresa terão risco próximo a zero.

 

Agências falharam na crise de 2008/2009

A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.

Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

(Com Reuters)

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