Juros do cartão caem quase pela metade para quem pagou valor mínimo
Do UOL, em São Paulo
24/08/2017 10h58Atualizada em 07/09/2017 16h37
Os juros do rotativo do cartão de crédito tiveram uma forte queda em julho para quem pagou pelo menos o valor mínimo da fatura. Caíram quase à metade do que foram no ano passado: de 438,3% para 223,8% ao ano. Para quem não pagou nem o valor mínimo sugerido, porém, os juros subiram em relação ao ano anterior: foram de 502% para 504% ao ano. Considerando a média dos dois tipos de juro, os cartões também tiveram redução expressiva, comparando com 2016: caíram de 469,8% para 399,1% ao ano (veja esses números detalhados mais abaixo).
A taxa de juros do rotativo é cobrada quando o consumidor não paga o valor total da fatura do cartão e empurra a dívida para frente. Desde abril, ela só pode ser cobrada do consumidor durante um mês e, depois, o banco deve oferecer uma alternativa mais barata (em geral, é o parcelamento da fatura). O governo criou novas regras para o cartão para conter a cobrança de juros sobre juros, que faz a dívida do consumidor virar uma bola de neve.
Veja como ficaram os juros em julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Banco Central:
Rotativo do cartão de crédito
- Para quem pagou o valor mínimo da fatura: 223,8% ao ano
- queda de 6,4 pontos na comparação com junho (230,2%);
- queda de 214,5 pontos em relação a julho de 2016 (438,3%).
- Para quem não pagou nem o valor mínimo da fatura: 504% ao ano
- alta de 39,3 pontos na comparação com junho (464,7%);
- alta de 2 pontos em relação a julho de 2016 (502%).
- Média (considera as duas opções acima): 399,1% ao ano
- alta de 18,3 pontos na comparação com junho (380,8%);
- queda de 70,7 pontos em relação a julho de 2016 (469,8%).
Parcelamento da fatura do cartão de crédito
- 159,5% ao ano
- alta de 1,6 ponto na comparação com junho (157,9%);
- alta de 8,1 pontos em relação a julho de 2016 (151,4%).
Novas regras do cartão de crédito
Desde 3 de abril, o consumidor só pode usar o rotativo do cartão por, no máximo, 30 dias. Após esse período, o banco deve apresentar uma proposta mais vantajosa para o cliente, como o crédito parcelado, no qual você define o número de prestações na hora da aquisição. Nesse caso, os juros são mais baixos que no rotativo, mas ainda assim altos.
Antes, se o consumidor não pagava o valor total da fatura do cartão de crédito, a dívida era jogada para o mês seguinte, por meio do chamado crédito rotativo. Isso acontecia mês a mês, sucessivamente, com a cobrança de juros sobre juros, transformando a dívida numa bola de neve.
Esses são números médios e podem variar para cada situação específica, porque os bancos oferecem taxas diferentes de acordo com o plano contratado pelo cliente e a relação entre eles (quem tem mais dinheiro no banco paga menos taxas).
Confira a variação de outras modalidades de crédito:
- Rotativo do cartão de crédito: de 380,8% ao ano em junho para 399,1% ao ano em julho;
- Cartão de crédito parcelado: de 157,9% ao ano em junho para 159,5% ao ano em julho;
- Cheque especial: de 322,6% ao ano em junho para 321,3% ao ano em julho;
- Crédito pessoal não-consignado: de 125% ao ano em junho para 132,2% ao ano em julho;
- Crédito pessoal consignado: se manteve em 27,4% ao ano em julho;
- Compra de veículos: de 24% ao ano em junho para 23,8% ao ano em julho;
- Financiamento imobiliário: se manteve em 9,2% ao ano em julho.
Taxa básica de juros
No mês passado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decidiu cortar novamente a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, de 10,25% para 9,25% ao ano, na sétima baixa seguida. É o menor nível em quase quatro anos.
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.