'Não vendo o meu país': Sindicatos lançam campanha contra venda de estatais
A venda de estatais e ativos públicos anunciada pelo governo está sendo questionada por sindicatos e entidades de classe em uma campanha nacional sobre o assunto.
Com o slogan "Eu não vendo o meu país", sindicalistas pretendem mobilizar a população em defesa das empresas anunciadas como candidatas à venda, incluindo Eletrobras e Casa da Moeda.
Para a diretora do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) Natália Lopes, o objetivo é unificar as forças populares e questionar o processo de venda de ativos públicos. "A campanha visa unificar o discurso entre todas as estatais e os serviços públicos que poderão ser vendidos em nosso país", disse Lopes.
Também contra a venda das empresas, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Casa da Moeda, Aluizio Júnior, destacou que pouquíssimos países abrem mão da fabricação de seu meio circulante. "No G20 [grupo das maiores economias do mundo, do qual o Brasil faz parte], apenas dois países não produzem o próprio dinheiro. As cédulas em papel são especialmente importantes para a população mais pobre, que não tem acesso a contas em banco nem cartões de crédito."
O vice-presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Socia ), o economista Arthur Kobliz, defendeu a manutenção do investimento público como motor principal da economia. "Os países que mais crescem no mundo, incluindo os do leste asiático, usaram pesadamente seus bancos de desenvolvimento", ressaltou Kobliz.
Para o diretor da Associação dos Funcionários de Furnas, Felipe Araújo, uma estatal não visa somente o lucro financeiro, mas também o ganho social. Segundo Araújo, se houver venda do Sistema Eletrobras, haverá aumento de tarifas aos consumidores finais, incluindo comércio e indústria, que repassarão a diferença aos preços.
Com 47 usinas hidrelétricas, 114 termelétricas, duas termonucleares, 69 usinas eólicas e uma solar, a Eletrobras é responsável por um terço do total da geração de energia no país. Também é a maior empresa de transmissão de energia, com quase metade das linhas de transmissão do Brasil.
A campanha será apresentada no Congresso Nacional na próxima quarta-feira (11), em um ato no Auditório Nereu Ramos, no Anexo 2 da Câmara dos Deputados.
Privatizações
Os motivos alegados pelo governo federal para anunciar a disposição de vender parte de ativos e empresas públicas são reduzir o rombo nas contas públicas e dar mais agilidade às empresas, favorecendo, em última instância o consumidor.
Com a meta de melhorar o caixa da União e estimular a economia, o governo decidiu colocar à disposição da iniciativa privada a administração de 14 aeroportos, 11 lotes de linhas de transmissão e 15 terminais portuários, além de parte da Eletrobras. Com a medida, o governo espera arrecadar cerca de R$ 44 bilhões ao longo dos anos de vigência dos contratos.
O Conselho do Programa de Parcerias de Investimento (PPI) decidiu incluir no programa de desestatização rodovias, a Casa da Moeda, a Lotex e a Companhia Docas do Espírito. Ao todo, são 57 projetos de venda de empresas e parcerias público privada.
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