Gasto em infraestrutura cai quase pela metade e é o pior em 10 anos
O Brasil teve, em 2016, o seu pior desempenho em infraestrutura em uma década. É o que indicam os números da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) 2016. Os dados são de dois anos atrás, foram divulgados só nesta quinta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O valor de tudo o que foi feito em grandes obras no país, naquele ano, somou R$ 99,2 bilhões. É o quanto as empresas públicas e privadas do setor da construção tiveram em receita pela realização de projetos de infraestrutura, o que inclui rodovias, ferrovias, hidrelétricas, redes de telecomunicações, saneamento básico e outros.
É uma queda de 22,1% em relação a 2015 e o pior resultado desde pelo menos 2007, quando a construção de grandes obras movimentou R$ 111,6 bilhões, já em valores atualizados para 2016 pela inflação.
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É também pouco mais da metade da receita alcançada em 2012, quando os gastos com infraestrutura atingiram seu pico. Em 2012, as obras de infraestrutura realizadas no país, segundo a Paic, somaram R$ 180,5 bilhões. Desde então, este valor veio caindo ano a ano até chegar à mínima de 2016, número mais recente do IBGE.
Menos financiamento público
Entre as principais razões para a queda acentuada no setor de infraestrutura, está a redução nos financiamentos, diz o técnico de pesquisas do IBGE Artur dos Reis.
"Dentre todas as atividades da construção, que incluem ainda incorporação e edifícios, a de infraestrutura foi a que mais sofreu, porque houve quedas muito grandes no financiamento", afirmou. "Os desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) caíram muito em 2016."
Os empréstimos feitos pelo BNDES somaram R$ 88,3 bilhões em 2016, 35% menos que em 2015 (R$ 135,9 bilhões). Foi uma queda bem mais forte do que a vista na concessão de crédito imobiliário, por exemplo, que caiu 16,2% de um ano para o outro, informou o IBGE.
Salários 5% menores e 17% menos empregos
No total, a indústria da construção movimentou R$ 318,7 bilhões em 2016, uma queda de 14,8% em relação a 2015. É uma conta que, além das obras de infraestrutura, inclui ainda as atividades ligadas a edificações (mercado imobiliário e construção de casas e prédios comerciais) e os serviços vinculados à construção, como demolição, instalações hidráulicas e elétricas e obras de acabamento.
Em todas elas, houve redução, com o segmento de infraestrutura liderando a má performance: a receita com as grandes obras caiu 22,1%; em edificações e mercado imobiliário, a queda foi de 11,2% (para R$ 154,4 bilhões) e, nos serviços, de 10,5% (para R$ 65,1 bilhões).
Além disso, postos de trabalho e salários também pioraram. No total, havia 2 milhões de pessoas trabalhando na indústria da construção em 2016, 428 mil menos que em 2015, ou redução de 17,5%.
O salário médio, por sua vez, que chegou a R$ 2.358,40 em 2015, caiu para R$ 2.235,16, também em valores corrigidos pela inflação (uma perda de 5,2%).
O desempenho negativo se refletiu no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, que encolheu 3,5% em 2016, sob impacto, entre outros fatores, da queda de 10,3% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida dos investimentos no PIB, que é onde está incluso o setor da construção.
Os dados da Paic levam em consideração as informações referentes a empresas formais, o que não inclui trabalhadores autônomos.
(Com Estadão Conteúdo)
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