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BC mantém juros a 6,5% ao ano, e taxa segue no menor nível histórico

Do UOL, em São Paulo

20/06/2018 18h01Atualizada em 20/06/2018 20h45

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (20) manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. É a terceira reunião seguida do Copom com esses juros. Em março, houve queda de 6,75% para 6,5% ao ano, taxa que foi mantida nas reuniões de maio e desta quarta.

Os juros continuam em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos (leia mais abaixo).

A decisão, que foi unânime, era esperada pelo mercado. Dos 37 economistas consultados pela agência de notícias Reuters, 36 previam a manutenção da taxa. Apenas um especialista esperava aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.

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BC cita greve dos caminhoneiros e juros nos EUA

Em seu comunicado após a decisão, o BC afirma que a inflação deverá refletir avanços significativos e temporários da greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias no final de maio, e de outros ajustes de preços. Apesar disso, o BC diz que uma eventual aceleração da inflação só será combatida se, de fato, acontecer.

"Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva", diz o comunicado.

Apesar disso, o BC afirma que o cenário externo foi o mais desafiador e gerou maior instabilidade no mercado. Entre os motivos está a alta dos juros nos Estados Unidos na semana passada. "Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes", diz o documento.

Juros ao consumidor são mais altos

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial atingiu em abril 321% ao ano, em média. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 331,6% ao ano, em média.

Taxa caiu de 14,25% para 6,5% ao ano

Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic, que foi interrompida em maio. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano.

Poupança rende menos

Desde setembro do ano passado, a poupança passou a render menos devido a uma nova regra, criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).

Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.

Juros x inflação

Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. 

A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 3% e 6%. Segundo os dados mais recentes do IPCA, referentes a maio, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 2,86%, portanto, abaixo da meta do governo. 

Economistas afirmam que a inflação deve acelerar um pouco devido à greve dos caminhoneiros, que praticamente paralisou diversos setores e elevou os preços de alimentos e outros produtos, mas isso não deve ser suficiente para causar grandes mudanças na política de juros.

(Com agências de notícias)

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