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Empresa dá carona de graça em triciclos na avenida Paulista

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/10/2018 04h00

Além de carro, ônibus, metrô, bike e a pé, você tem mais uma opção para se deslocar pela avenida Paulista, em São Paulo: em carona de triciclos do aplicativo Carona Verde que percorrem a ciclovia local. Essa mobilidade alternativa foi lançada por Abelardo Burle, 76, e seu filho, Marcelo Burle, 52, em maio deste ano. O usuário não paga nada. O faturamento deve vir de publicidade e distribuição de cupons via aplicativo.

O serviço de carona funciona de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 10h às 17h30, com dez triciclos. Até o final do ano, a empresa deverá colocar em operação triciclos na avenida Faria Lima (zona oeste de São Paulo). Para pegar carona no triciclo, o usuário deve baixar o aplicativo Carona Verde, disponível para Android e iOS, e fazer um cadastro.

Pelo app, o usuário localiza o Carona Verde mais próximo (num raio de até 300 metros). Se o sinalizador estiver verde, ele está livre; se vermelho, ocupado. Ao clicar no verde, abrirá a opção de “solicitar carona”.

O usuário solicita a carona e aguarda o aceite do “caronista” (funcionário que pedala o veículo). Pedido aceito, o usuário receberá os dados do caronista (foto, nome e localização) e segue ao encontro do triciclo na ciclovia central da avenida. Ele, então, “pega carona” no triciclo coberto até o ponto desejado, que deve ser na própria Paulista. O serviço funciona entre a praça Oswaldo Cruz e a rua da Consolação. O triciclo não sai da ciclovia. Há espaço para um adulto e uma criança pequena no colo.

Quando estão sem passageiros, os caronistas ficam circulando pela ciclovia, mas param para descansar na praça do Ciclista, entre a rua Bela Cintra e a rua da Consolação.

Pacotes publicitários para sustentar serviço

Segundo Marcelo Burle, o investimento inicial na empresa foi de R$ 150 mil. Ele não informou faturamento nem lucro da empresa. “O nosso faturamento ainda é irrisório, pois estamos na fase de divulgação. Mas virá de pacotes publicitários e de taxas pagas pelo comércio local para distribuir cupons de desconto aos usuários”, afirmou.

A empresa vende pacotes publicitários por semana. A Rádio Mix, por exemplo, fechou pacote de quatro semanas. Com campanha iniciada na segunda quinzena de setembro, a rádio colocou sua programação dentro do triciclo, por meio de um sistema de áudio embutido no meio de transporte (o som não “vaza” para fora), além da publicidade na roupa do ciclista.

O usuário recebe no app cupons de descontos e ofertas dos comerciantes e prestadores de serviços da região, como bares, restaurantes, salão de cabeleireiro e costureiras. Segundo ele, há 20 empresas cadastradas.

“Não cobramos por esses anúncios, a fim de promover o Carona Verde. Mas, a partir de dezembro, iremos cobrar desses parceiros uma taxa simbólica de R$ 50 por promoção”, disse Marcelo Burle. A meta da empresa, segundo ele, é atingir um faturamento de R$ 300 mil nos próximos seis meses.

Modelo foi inspirado em Los Angeles

Marcelo Burle disse que teve a ideia de criar o Carona Verde durante uma viagem a Los Angeles (EUA), onde viu um triciclo similar. “Queremos tornar a ciclovia algo inclusivo, que possa atender todas as pessoas, independentemente de idade, condição física, de ter ou não uma bike”, declarou.

A empresa foi criada em julho de 2015, mas os triciclos só foram lançados em maio deste ano. Nesse período, ele e o pai cuidaram da regulamentação e do desenvolvimento do modelo do triciclo.

Os dois têm uma empresa que cuida de documentação técnica (alvarás, licenças, regularizações etc.) junto à prefeitura. A Carona Verde é uma empresa paralela a essa atividade de ambos.

Empresa deve diversificar espaço de atuação e serviços

O analista de negócios do Sebrae-SP Henrique Teixeira, 47, afirmou que o Carona Verde é uma alternativa “extremamente diferente” para a mobilidade urbana e atrai o usuário por ser serviço gratuito. “É um meio de transporte limpo, sustentável, que não gera poluição sonora nem queima de combustível, e isso agrega valor.”

Teixeira, no entanto, disse que a empresa deve buscar alternativas de crescimento em receita, pois há limitação física para a venda de espaços publicitários. “São apenas dez triciclos na Paulista, o que limita a busca por patrocínio. O maior desafio para a empresa é o crescimento em escala.”

Para ele, para buscar mais espaço de crescimento, além das ciclovias da cidade, a empresa poderia ampliar o campo de atuação, como para parques públicos, estacionamentos, shopping centers, grandes eventos e feiras de negócios, e diversificar o serviço, como fazer entregas no triciclo. “O Carona Verde poderia ter, por exemplo, um serviço de entrega verde”, afirmou.

Onde encontrar:

Carona Verde – http://www.caronaverde.com.br/

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