Bolsa sobe 5% e dólar cai 4% na semana; vale investir antes da eleição?
A poucos dias do primeiro turno das eleições presidenciais, o dólar comercial vem emendando uma queda na outra e já perdeu quase 4% nesta semana, fechando abaixo de R$ 3,90 na quarta-feira (3). A Bolsa já acumula alta de quase 5% nesta semana.
São resultados que atraem as atenções de quem pensa em comprar dólar e entrar na Bolsa. O UOL conversou com especialistas para saber o que esperar desses mercados e qual a recomendação.
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Intenção de voto em Bolsonaro
A queda do dólar e a valorização do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, estão ligadas ao crescimento na intenção de votos no deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência, de acordo com os analistas. As últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope apontam que o deputado segue na liderança e mantém distância em relação ao segundo colocado, Fernando Haddad (PT).
O mercado seria contrário ao PT por associar o partido à corrupção, ao desequilíbrio das contas públicas e a intervenções na economia.
Além disso, “existe uma visão clara do mercado de que, se vier um governo de direita, ele será pró-reformas e pró-privatizações”, disse Amaury Fonseca Júnior, sócio da gestora de recursos Vision Brazil Investments. Segundo ele, essa visão faz com que o mercado reaja positivamente quando Bolsonaro, representante da direita, avança nas pesquisas.
Instabilidade deve continuar
Mas, mesmo com os resultados favoráveis a Bolsonaro, os analistas dizem que as incertezas devem continuar até o segundo turno e que elas devem levar instabilidade ao dólar e à Bolsa.
“Teremos pesquisas de intenção de votos diariamente até o pleito, debate nesta quinta-feira e, a partir da semana que vem, vamos entrar em uma ‘pancadaria’ na campanha do segundo turno”, disse Camila de Caso, economista da corretora Spinelli para o mercado de câmbio. “Então, a expectativa é de montanha-russa até 28 de outubro.”
Por causa dessa instabilidade, o melhor, segundo ela, é esperar o fim do período eleitoral e não comprar dólar agora.
O sócio da Vision Brazil Investiments concorda. “A tendência, no médio prazo, é de desvalorização do dólar”, afirmou.
Compre dólar aos poucos, diz analista
Já Daniela Casabona, da planejadora financeira FB Wealth, disse que o momento é bom para quem quer investir em dólar ou precisa da moeda para viajar.
“Não temos como ter certeza se vai cair mais ou subir, então recomendo a compra fracionada para aproveitar a queda brusca desta semana. Mas não compre tudo de uma só vez”, disse.
Moeda pode cair mais
Qualquer que seja o resultado das eleições, os analistas dizem que a tendência é que o dólar caia mais no médio e no longo prazo.
“A maior preocupação do investidor estrangeiro, que é quem mais afeta o mercado de dólar, é com a reforma da Previdência. E, seja de direita ou de esquerda, vai ser muito difícil o candidato eleito não atacar esse problema”, afirmou Fonseca Júnior. De toda forma, segundo ele, o dólar deve continuar caindo até atingir o patamar de R$ 3,50.
Camila, a economista da Spinelli, vê mais desvalorização da moeda no horizonte no caso de vitória de Bolsonaro. “Já chegamos a ter expectativa de dólar a R$ 4,30 no final do ano. Agora, está em R$ 3,80”, afirmou. A moeda só não cairá mais, disse ela, porque existe uma tendência mundial de alta do dólar em relação a outras moedas, principalmente de países emergentes, como o Brasil.
"Haddad não seria nenhuma grande ruptura"
Por outro lado, Camila disse acreditar que, embora deva ocorrer uma alta inicial do dólar em caso de vitória de Haddad, o mercado depois deve oscilar pouco. “Em termos práticos, [a eleição de] Haddad não seria nenhuma grande ruptura com o neoliberalismo porque ele já sinalizou que seria muito mais parecido com Lula no primeiro mandato do que com Dilma.”
Se o petista ganhar, a economista disse que o dólar deve ficar entre R$ 4 e R$ 4,10. “O dólar não deve nem cair tanto em um eventual governo Bolsonaro nem subir tanto em um eventual governo Haddad.”
"O risco é diário" na Bolsa
A alta da Bolsa também pode atrair o investidor, mas o analista-chefe da Spinelli, Glauco Legat, disse que não é a hora de novatos se aventurarem nesse mercado.
“O momento é arriscado demais para quem não está familiarizado com a Bolsa investir. Há alguns eventos que levam a uma valorização forte, e outros que podem levar a Bolsa de volta para os 70 mil pontos. O risco é diário”, afirmou ele. Para efeito de comparação, a Bolsa fechou acima dos 83 mil pontos nesta quarta.
“Só recomendo entrar na Bolsa, se o investidor quiser assumir o risco e atuar na especulação, no curto prazo”, declarou.
Analista vê tendência de alta da Bolsa
Daniela, analista da FB Wealth, disse que a situação é, sim, interessante para comprar ações.
“O melhor momento já foi, quando a Bolsa estava caindo. Mas ainda é uma boa oportunidade porque a tendência é de alta. Considerando a inflação dos últimos anos, o Ibovespa deveria estar no patamar de 120 mil pontos. O índice ainda não reagiu como deveria, porque tivemos um ano turbulento, com eleições, greve dos caminhoneiros e cenário externo. Mas há grandes chances de que a Bolsa reaja agora”, disse Daniela.
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