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Aplicativos "imitam" usuários e dão prejuízo a empresas de publicidade

Eliane Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/10/2018 08h49

Uma investigação do "Buzzfeed News" revelou a existência do que foi classificado como “um sofisticado esquema de fraude” envolvendo mais de 125 aplicativos. Os apps, criados por desenvolvedores independentes e sem relação entre si, teriam sido adquiridos por uma rede de empresas com sede em Chipre, Malta, Ilhas Virgens Britânicas, Croácia e Bulgária, entre outros locais. Segundo o "Buzzfeed", graças a um tipo de comando centralizado, os operadores do esquema conseguem rastrear o comportamento do usuário e programar uma grande rede de bots (falsos usuários) para imitá-lo.

Isso quer dizer que milhões de donos de smartphones equipados com o sistema operacional Android e que baixaram esses aplicativos são rastreados, sem saber, enquanto usam os apps. Copiando o comportamento de usuários reais, os fraudadores conseguem gerar tráfego e, assim, faturar muito dinheiro investido por empresas em campanhas digitais cujos anúncios, na verdade, nunca foram vistos por um ser humano. Para se ter uma ideia da dimensão do golpe, os aplicativos que o "Buzzfeed" conseguiu identificar como parte do esquema tiveram mais de 115 milhões de downloads, segundo o site.

A fraude digital é um dos maiores problemas no mundo online, principalmente na publicidade. A previsão da empresa de pesquisa Juniper Research é de que, em 2018, o prejuízo global com esse tipo de crime chegue a US$ 19 bilhões. No Brasil, não há estimativas sobre o prejuízo causado, segundo o Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil), entidade que reúne empresas dos diferentes ramos do marketing digital.

“A luta contra as fraudes na publicidade digital deve ser constante, uma vez que novos tipos são criados todos os dias. Além disso, as medidas contra a publicidade fraudulenta devem ser tomadas por todos os participantes do ecossistema”, afirma Renato Girard, diretor de Operações do IAB Brasil.

Para os anunciantes, as recomendações da entidade são: listar os objetivos específicos de cada campanha; dispor-se a pagar o preço real de cada tipo de ação (valores muito baixos são indício de atividade suspeita) e analisar os resultados utilizando vários tipos de métricas. “Esse método é mais eficiente para detectar potenciais fraudes, pois torna mais fácil identificar resultados suspeitos”, diz Girard.