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Dólar acima de R$ 4,00 veio para ficar? O que fazer se você vai viajar?

João José Oliveira

do UOL, em Sao Paulo

22/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Turistas que pensam em ir ao exterior devem se programar para comprar dólares aos poucos
  • Moeda americana pode voltar a cair apenas em meados de 2020 se economia reagir
  • Juros baixos e economia morna afastam investidor estrangeiro e reduzem entrada de dólares

A cotação do dólar comercial está há mais de dois meses acima dos R$ 4,00. A última vez em que a moeda americana terminou abaixo dessa linha foi em 15 de agosto. Para economistas e consultores financeiros, esse quadro vai continuar enquanto os juros no país estiverem baixos e a economia não acelerar —ou seja, por alguns trimestres pelo menos.

Se você precisa comprar dólares para viajar, o que pode fazer para baratear os custos? Qual a hora certa para comprar dólar? O que vai acontecer com a economia?

Turista precisa planejar e comprar pouco a pouco

Como não existe a expectativa de que o dólar volte para a casa dos R$ 3,80 no curto prazo, os especialistas sugerem planejamento para quem está com viagem marcada para os Estados Unidos ou tem planos de embarcar para fazer turismo ou estudar no exterior.

"Eu não vejo o dólar dando grandes solavancos. Então não adianta querer adivinhar o momento certo de comprar dólar para a viagem. O ideal é ir comprando aos poucos, uma quantia por vez. Dessa forma você vai ter uma média", afirmou o gestor da Par Mais, Alexandre Amorim, consultor de investimentos.

Juros baixos fazem dólar ficar caro

Segundo o responsável pela mesa institucional da Genial Investimentos, Roberto Motta, o principal fator que deixa o dólar caro é a taxa de juros no Brasil. A Selic (taxa básica) caiu de 14,25%, em agosto de 2016, para 5,5% atualmente. E deve baixar ainda mais, para a casa de 4%, dizem economistas.

Motta afirma que esses juros diminuem a atração de dólares. Com menos oferta da moeda no país, ela fica valendo mais. Essa redução de fluxo ocorre por vários motivos. No mercado financeiro, os investidores estrangeiros que estavam acostumados a aplicar no Brasil para lucrar com a renda fixa já não veem mais tanta vantagem agora.

Empresas brasileiras trazem menos dólares

As empresas brasileiras também traziam dólares para o Brasil, ao tomar empréstimos no exterior. Elas faziam isso porque o crédito em dólar era mais barato que o financiamento em reais. Mas isso mudou. Também há mais brasileiros investindo no exterior.

Segundo números do Banco Central, neste ano o saldo entre as entradas e saídas de moeda estrangeira do país está negativo em US$ 30,3 bilhões, de janeiro a agosto. No mesmo período do ano passado, as saídas tinham sido 10,2% menores, de US$ 27,5 bilhões.

Situação pode mudar se economia melhorar

Motta e outros profissionais de mercado afirmam que, se os juros no Brasil permanecerem ao redor do atual patamar, um fator doméstico com poder para baixar a cotação do dólar no pais é o ritmo da economia do Brasil.

Se a economia brasileira voltar a crescer, o país vai atrair dólares de estrangeiros interessados em investir nas empresas e em negócios reais, como indústria, infraestrutura e serviços.

Isso pode levar a moeda americana de volta ao patamar de R$ 3,80, afirmou o professor de Economia da FIA (Fundação Instituto de Administração) Celso Grisi. "Já vejo isso acontecendo ano que vem. Com o andamento das reformas e recuperação econômica, vamos atrair recursos de investidores para a economia real", disse o economista.

Segundo ele, o resultado do leilão para exploração de petróleo, realizado neste mês, mostra que o Brasil pode atrair bilhões de dólares.

Dólar caro é bom para exportação

Enquanto a reação da economia não vem, entretanto, o dólar na casa de R$ 4,10 ou acima é até positivo para o Brasil, disse o diretor-executivo e economista da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme. "Vejo uma estratégia silenciosa do governo para tentar, pela taxa de câmbio, estimular a exportação e conter a importação", afirmou o especialista.

Segundo ele, a indústria brasileira pode aproveitar o dólar mais caro para vender mais no mercado internacional, aumentar a receita, gerar empregos e assim alimentar a atividade econômica enquanto o consumo interno não acelera.

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