Anúncios sobre empréstimo têm pegadinhas e desinformam clientes, diz estudo
Resumo da notícia
- Segundo instituto, propagandas desinformam e não alertam sobre os riscos das operações
- Estudo avaliou 125 peças publicitárias, divulgadas por 31 instituições de crédito
- 40% destas publicidades continham "asteriscos ou letras pequenas que dificultam a leitura"
- Para o Idec, a palavra "juros" é pouco utilizada nas chamadas principais das propagandas
Segundo um estudo do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), as propagandas que divulgam a contratação de crédito desinformam o consumidor e não alertam sobre os riscos das operações.
Para a ONG, as campanhas publicitárias não apresentam o custo efetivo total dos empréstimos, além de oferecerem venda casada de seguros premiados e omitirem informações relevantes nas condições das contratações.
O estudo avaliou 125 peças publicitárias, divulgadas por 31 instituições de crédito (entre bancos, corretoras financeiras, correspondentes bancários e fintechs), entre julho e agosto de 2019.
O material foi coletado nas ruas do centro de São Paulo (SP), em visitas às estações de trem e metrô da cidade, além de pontos de ônibus, agências bancárias, financeiras e lojas de departamento. Também foram utilizadas, no estudo, propagandas online, coletadas nos sites das instituições financeiras e em canais digitais, como YouTube e Instagram.
Astericos e letras pequenas
Segundo o levantamento, 40% destas publicidades continham "asteriscos ou letras pequenas que dificultam a leitura, principalmente nas publicidades impressas e nos cartazes das agências".
Para o Idec, todas as instituições pesquisadas apresentam publicidades com presença de frases de impacto. "Expressões como "praticidade" e "rapidez de contratação" afastam o entendimento que não há risco para o consumidor. As propagandas dão a ideia que ter o produto empodera, sem mostrar os riscos", afirma Ione Amorim, economista do Idec.
O objetivo da pesquisa foi avaliar como as mensagens publicitárias influenciam as decisões dos consumidores. "Muitas vezes, elas não possuem informações suficientes, despertando o impulso do consumidor e desconsiderando riscos e contribuindo para o aumento do superendividamento. Em nenhuma publicidade avaliada havia alertas sobre riscos", declara Ione.
"Taxas" substituem "juros"
Segundo o relatório, a contratação de crédito por impulso, em condições muitas vezes desvantajosas ao consumidor, levou a índices de inadimplência que atingem nada menos que 64% dos consumidores, segundo dados da CNC (Confederação Nacional de Comércio). O estudo ainda destaca que a palavra "juros" é pouco utilizada nas chamadas principais das propagandas —ela é comumente substituída por "taxas".
Procuradas pelo próprio Idec, as empresas afirmaram que "não há descumprimento de normas" e que a publicidade cumpre o que determina o Código de Defesa do Consumidor.
"As respostas das instituições contêm um padrão. Mas há a necessidade de se continuar este diálogo. Falte, talvez, um princípio ético por conta das empresas", declara a economista.
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