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Ameaça do coronavírus derruba expectativas para PIB e juros no Brasil

Ramos espera que o banco central reduza a taxa Selic em mais 50 pontos-base este ano, para 3,75% -
Ramos espera que o banco central reduza a taxa Selic em mais 50 pontos-base este ano, para 3,75%

Do UOL, em São Paulo

03/03/2020 19h51

As expectativas para o crescimento econômico brasileiro e as taxas de juros para 2020 sofreram forte queda hoje, após o corte emergencial de juros pelo Federal Reserve.

A ação ressaltou os danos econômicos que a maior economia da América Latina provavelmente sofrerá neste ano.

Economistas do Goldman Sachs reduziram a previsão para o crescimento do PIB brasileiro em 2020 a 1,5%, número bem abaixo da linha politicamente sensível de 2%. E Carlos Kawall, do Asa Bank, disse que o Banco Central pode eventualmente reduzir a Selic para 3,00%.

O chefe de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs em Nova York, Alberto Ramos, acredita que o Brasil e outros países da região sentirão o impacto nas atividades manufatureira e de serviços, além de comércio, turismo e preços de commodities.

"No Brasil, mais flexibilização (monetária) é apropriada, devido à falta de espaço fiscal e ao fato de que a inflação atual e esperada está abaixo da meta e as perspectivas de crescimento permanecem fracas", disse, em nota, explicando o corte na previsão do Goldman para a expansão do PIB em 2020 de 2,2% para 1,5% neste ano.

Ramos espera que o banco central reduza a taxa Selic em mais 50 pontos-base este ano, para 3,75%.

Kawall, do Asa Bank, foi mais longe, prevendo uma diminuição de 50 pontos-base no final deste mês seguida por outra de 25 pontos-base em maio, deixando o juro básico em 3,50%. "Porém, não descartamos a continuidade do ciclo de flexibilização, com a Selic sendo reduzida para 3,00%", afirmou.

O BC reduziu a taxa Selic para uma mínima recorde de 4,25% há um mês, mas pareceu fechar a porta para novo alívio monetário.

A deterioração das perspectivas econômicas no país e no exterior, no entanto, pode tê-la aberto novamente.

"Com a disseminação do coronavírus, o crescimento de 1,5% este ano ainda está do lado otimista", disse de Bolle, do Instituto Peterson de Economia Internacional. "Eu diria menos de 1%, com uma chance não negligenciável de estagnação ou mesmo uma leve recessão este ano."

O governo deve reduzir em breve sua previsão de 2,4% para o crescimento do PIB este ano. A mídia brasileira informou recentemente que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficará sob pressão do presidente Jair Bolsonaro se parecer que o crescimento de 2% não será alcançado.

(Com Reuters)