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Coronavírus: Kim Kataguiri quer cortes de salários de funcionários públicos

Do UOL, em São Paulo

31/03/2020 14h58Atualizada em 31/03/2020 16h19

Em meio à pandemia do novo coronavírus, existe a possibilidade cortes nos salários do funcionalismo público? Para o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), o momento de dar destaque ao assunto está chegando.

No programa UOL Debate de hoje, que discutiu a atuação do Congresso Nacional frente ao coronavírus, Kim citou um projeto para cortar gastos. Ele já havia anunciado possibilidade semelhante no dia 24 de março, em entrevista à Rádio Bandeirantes.

"Vai chegar um momento que vamos ter que falar de corte de salários do funcionalismo público. O estado mais rico da federação atrasando salários de funcionários. Meu projeto não trata apenas de deputados, mas de todo o poder legislativo", disse Kim (a partir de 22:10 no vídeo).

"Acho que tem que ser levado para o judiciário e o executivo. Principalmente quem ganha acima do teto do INSS. Essa é uma discussão que os deputados dizem que é demagógica. Vamos ter que falar de corte de cartão corporativo", acrescentou.

Para o deputado, a medida deve ser debatida "ainda mais em um momento que os bancos estão com aversão a risco". "Esses títulos não vão garantir a liquidez necessária", alegou.

Ainda segundo o representante paulista, diante de números de arrecadação e despesas públicas, o corte será necessário. Frente aos cálculos, Kim chamou de "incoerente" o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), diante das medidas tomadas na área econômica.

"Se não é um grande problema, ele não precisava ter pedido o decreto de calamidade pública. Um discurso irresponsável, incentivando as pessoas a irem contra o ministro da Saúde e a OMS. Não dá para ele ter duas linhas", criticou.

"O presidente precisa liderar e enviar projetos para que os cortes da máquina pública sejam feitos. Precisamos de um colchão de renda mínima", defendeu, em discurso alinhado ao da oposição neste momento.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) sinalizou positivamente com a possibilidade, mas pediu para que salários de profissionais de saúde, segurança e educação sejam poupados. E apresentou ponderações.

"Temos que falar de corte de salários dos deputados, tem gente que depende do salário, podemos definir isso. Antes de falar de corte de salário do servidor, temos que falar de corte do fundo eleitoral, temos o PLN4, o Senado manteve o veto da presidência da República", argumentou a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado (a partir de 29:10 no vídeo).

"Temos uma média de 600 mil servidores, há quem diga que querem cortar 10% de quem ganha R$ 10 mil bruto. Está falando de 600 mil servidores, se metade desses servidores têm uma diarista, ele vai dispensar a diarista. Aí estamos falando de pelo menos mais 300 mil desempregados", acrescentou.

O deputado defende que o fundo eleitoral deve reforçar o caixa do combate à pandemia no Brasil. Mas vê outras necessidades no orçamento contra a covid-19.

"Eu concordo que temos que mandar o fundo eleitoral para o coronavírus que é R$ 32,5 bilhões. Eu discordo que o ponto de vista que cortar o salário dele seria ruim porque ele vai demitir a empregada — porque não é o servidor que paga o salário da empregada, é a empregada, através dos seus impostos, que pagam o salário do servidor", rebateu.

Ainda segundo Kataguiri, "uma pessoa que ganha R$ 10 mil por mês é uma pessoa rica".