Fintechs preveem triplicar crédito e oferecer R$ 10 bi a pequenas empresas
Resumo da notícia
- Financeiras digitais dizem estar prontas para levar mais crédito a pequenos e médios empresários
- Fintechs preveem triplicar crédito este ano e oferecer R$ 10 bi a pequenas empresas
- Banco Central e ministério da Economia querem maior participação de fintechs nos programas de apoio à economia
As fintechs estão prontas para mais que triplicar a oferta de crédito a micro, pequenos e médios empresários, oferecendo até R$ 10 bilhões em financiamentos. A intenção é fazer parte dos esforços do governo para injetar recursos na economia em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo executivos desse segmento, as empresas financeiras e bancos digitais já têm as soluções tecnológicas e o acesso a clientes e, por isso, podem fazer com que os recursos que estão sendo liberados pelo setor público cheguem mais rapidamente a quem muitas vezes nem sequer tem acesso a empréstimos bancários.
Segundo a Abranet (Associação Brasileira de Internet ), as fintechs afiliadas à entidade mantêm mais de 20 milhões de contas digitais, em mais de 5.500 municípios brasileiros. Em 50% delas, o titular é um microempreendedor individual (MEI), e em outras 30% o titular é integrante de uma família de baixa renda. "Além de colaborar para que a ajuda emergencial do governo chegue rapidamente à população beneficiária, a participação das fintechs filiadas à Abranet ocorrerá sem custos para os beneficiários do auxílio emergencial", afirma a entidade, por nota.
Subir créditos de R$ 3 bi para R$ 10 bi
Segundo a ABCD (Associação Brasileira do Crédito Digital), as fintechs somam mais de 700 empresas, das quais pelo menos um terço poderia atuar como agente de crédito. Esse segmento intermediou em 2019 um total de R$ 3 bilhões em empréstimos.
A projeção da entidade para 2020 é mais que triplicar esse montante, e atingir R$ 10 bilhões em novos créditos concedidos. "As fintechs de crédito têm como público principal o pequeno e médio negócio, exatamente o universo que o governo quer atender", afirma o presidente da ABCD, Rafael Pereira.
Faltam detalhes de regulamentação
Segundo ele, ainda faltam pequenos detalhes de regulamentação para que as fintechs possam começar a atuar como agentes repassadores de recursos públicos que estão sendo liberados para subsidiar o pagamento de salários de empregados de micros e pequenas empresas.
Integrantes da equipe econômica do governo federal já deixaram expressa a intenção de fazer das fintechs agentes financeiros mais atuantes. O Banco Central anunciou regra que permite à uma parte das fintechs ser agentes repassadores de recursos do BNDES - o que antes era exclusivo dos bancos.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que as empresas de meios de pagamento, as chamadas maquininhas, serão incluídas entre os agentes financeiros que poderão oferecer a seus clientes linhas de crédito do governo criadas para financiar o pagamento de salários de funcionários neste período em que o consumo e a produção estão prejudicados pelas medidas de restrição à circulação de pessoas.
Fintechs têm maior alcance
Segundo dados do setor, há no Brasil mais de 10 milhões de contas digitais que podem ser usadas para o envio de recursos aos que serão atendidos pelo governo.
A diretora de Novos Negócios da PagSeguro PagBank, Marlei Silverio Silva, diz que as empresas de meios de pagamento podem começar a atuar como agentes repassadores de recursos e de crédito de forma quase imediata assim que forem definidos alguns detalhes de regulamentação, como a permissão para que as fintechs possam ser um dos canais de entrega do voucher de R$ 600 para trabalhadores sem carteira assinada.
Atender a milhões sem conta bancária
Segundo ela, as empresas de maquininhas podem ajudar o governo a atender de forma mais eficiente milhões de pessoas que não são bancarizadas. "Muitas pessoas que precisam ser atendidas têm perfil de informalidade, ou mesmo quando têm conta em banco não a utilizam. Para essas pessoas, a alternativa seria ir sacar dinheiro numa lotérica, mas isso vai gerar aglomeração, o que pode ser negativo", afirma a executiva.
As empresas de maquininhas também podem atuar como repassadoras de crédito, diz a diretora da PagSeguro. Ela destaca que há no Brasil mais de seis milhões de pequenos negócios que faturam menos de R$ 360 mil por ano e que merecem entrar no grupo que receberá assistência do governo. "São milhões de pequenos empreendedores que estão em municípios em que não há rede bancária mas que já estão conectados por meio das maquininhas", afirma Marlei.
Chegar a quem precisa
Segundo o presidente da Stone, Augusto Lins, que até ano passado era o presidente da Abipag (Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos), as operadoras das maquininhas têm a capilaridade (alcance) que pode ajudar o programa do governo na entrega dos recursos a quem precisa. "Nosso setor está conectado a todos os bancos privados e públicos, às cooperativas, ao Banco Central. A gente consegue ser uma infraestrutura a serviço desse propósito", disse.
Segundo ele, faltam detalhes operacionais que permitam a atuação do setor. "Entendo que há dificuldades de regulamentação e operacionalização, mas o importante é que o governo está sensível ao problema"
Excluídos dos grandes bancos
O membro da ABFintech (Associação Brasileira das Fintechs), Elber Laranja, disse que grande parte dos clientes das fintechs não tem acesso ao crédito dos grandes bancos.
"O Brasil tem hoje mais de 5,3 milhões de micros, pequenas e médias empresas com restrição de crédito. Por isso, muitos empreendedores se sentem até desconfortáveis para entrar numa agência de banco e pedir crédito. A gente atende exatamente a esse público e, por isso, pode levar os recursos que eles estão precisando agora" afirmou o executivo, também diretor da Antecipa Fácil, uma fintech que antecipa recursos para pequenos empresários do setor industrial.
Na Antecipa Fácil, por exemplo, diz Elber Laranja, há mais de 200 micros e pequenos empresários que receberam ano passado mais de R$ 87 milhões, recursos que foram levantados junto a companhias de factoring, sociedades de microcrédito e Fidcs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). "A gente já tem o acesso a esse público, que vai sofrer gargalos de caixa neste momento. Com acesso aos recursos com o carimbo do BNDES, a gente pode ampliar nosso alcance de atuação", afirmou.
Criação de fundo pode resolver
Uma solução que pode agilizar a participação das fintechs na oferta de crédito para os micros e pequenos empresários seria a criação de um Fidc, que receberia os recursos públicos - como do BNDES, por exemplo. As fintechs então atuariam como o canal financeiro para levar esse crédito aos empresários, ligando o fundo público a quem precisa do dinheiro.
"Essa é uma solução que já está em discussão em alguns governos estaduais", disse o co-fundador e CEO da Money Money Invest, Marcos Travassos, cuja plataforma levanta recursos junto a investidores para oferecer linhas de crédito a micro e pequenos empresários que demandam empréstimos da ordem de R$ 50 mil a R$ 500 mil.
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