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Como empresas estão se preparando para voltar ao escritório após quarentena

Getty Images via BBC
Imagem: Getty Images via BBC

Vinícius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/06/2020 04h00

Aquela pausa para o cafezinho e o bate-papo com os colegas trabalho no escritório devem ficar para trás em um mundo corporativo pós-pandemia do coronavírus.

A necessidade de adaptação já faz com que empresas repensem, juntamente com arquitetos e consultores sanitários, os conceitos dos escritórios, que devem ter mais espaço entre os trabalhadores, janelas abertas e foco total na higiene.

Escritórios terão 'novo normal'

Com a chegada da pandemia, o Ministério Público do Trabalho pediu, entre outras coisas, que as empresas pudessem "organizar o processo de trabalho para aumentar a distância entre as pessoas".

Dessa forma, companhias que já planejam um retorno aos escritórios com a reabertura gradual das cidades começam a repensar os locais de trabalho.

O WeWork, por exemplo, que é focada em compartilhamento de escritórios, ou coworking, promete ter três pilares na volta da rotina: distanciamento, higienização e sinalizações.

"Neste momento, sem nenhuma dúvida, caminhamos para uma nova era dos espaços de trabalho em geral", disse Lucas Mendes, diretor geral da WeWork no Brasil.

Segundo ele, o We Work apostará na comunicação visual para manter a distância de quem deseja trabalhar no local.

"Na recepção principal, para evitar a superlotação, haverá adesivos de piso com indicação do distanciamento entre pessoas, além de desinfetante para mãos automático nas proximidades. As copas também contarão com dispensers de sabão automáticos, e seus assentos serão modificados para reduzir a capacidade e o tráfego intenso de pessoa", afirmou.

O espaçamento deve diminuir também a capacidade dos escritórios. Segundo Murilo Toporcov, diretor executivo do escritório de arquitetura IT'S Informov, as mudanças necessárias devem reduzir o pessoal em cada local.

"Com o layout atual e a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) de distanciamento de cerca de 1,80 m entre as pessoas, a sala de reunião de seis lugares fica com apenas dois lugares. Na copa fica a mesa de quatro para um, e assim por diante", disse.

Banheiros com atenção especial

Área pouco comentada, mas de importância e de uso em comum dos funcionários e de quem loca uma posição no coworking, os banheiros devem ter uma atenção especial.

"Além da rotina de limpeza mais frequente ao longo do dia, serão instalados dispensers automáticos e sinalizações lembrando a importância de lavarmos as mãos por tempo suficiente", disse Mendes.

Já na fabricante de louças e metais Kohler, o plano para o retorno no escritório em São Paulo busca arejar o local, com janelas abertas e rodízio entre os funcionários.

"Teremos espaçamento de mesas, parte das janelas abertas, utilização de máscara, parte da higienização com álcool e estamos estudando alguma pessoa do escritório fazerem um rodízio, para não termos todas as pessoas do escritório ao mesmo tempo" disse Alexandre Pavão, diretor de Marketing e Vendas da Kohler Brasil.

Novas tendências devem surgir

Segundo Murilo Toporcov, a disposição dos locais de trabalho devem seguir algumas novas tendências após a crise do coronavírus.

Para ele, os escritórios devem redefinir os espaços de trabalho de forma que, mesmo sem tanto espaço disponível, possam deixar os trabalhadores mais espaçados no local.

"A inteligência é distribuir áreas colaborativas, que você intercala com mesas de trabalho. Às vezes você tem uma mesinha que você puxa, uma bancada alta que divide o staff, então você afasta os trabalhadores, mas cria área diferentes e que possam ser utilizadas às vezes entre as bancadas", disse.

Além de novas bancadas para acompanhar a tendência de videoconferências, as empresas também devem focar em locais abertos que possam ser utilizados para mais de um fim.

"Aposto em divisórias retráteis. Será muito utilizado o conceito que fica totalmente aberto e no momento que você precisa, você fecha. Então você tem mesas com rodízios e mesas móveis. São espaços flexíveis os grandes drivers dos projetos corporativos", afirmou.