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Empresário de Curitiba "doa" bar a quem assumir dívida de R$ 350 mil

Bar CanaBenta, em Curitiba - Lucas Gabriel Marins/UOL
Bar CanaBenta, em Curitiba Imagem: Lucas Gabriel Marins/UOL

Lucas Gabriel Marins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

07/07/2020 04h00

A crise do coronavírus tem afetado duramente o comércio. Em Curitiba (PR), o dono de um bar tradicional resolveu "doar" seu negócio porque disse não ter mais condições de arcar com os custos.

Na verdade, ele está entregando o bar para quem assumir as dívidas de R$ 350 mil, que ele diz não ter como pagar.

A Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas) estima que pelo menos 30% dos cerca de 10 mil bares, restaurantes e casas noturnas de Curitiba tiveram que fechar as portas durante a pandemia.

Quem pegar bar assume dívidas de R$ 350 mil

O empresário Délio Canabrava está "doando" o CanaBenta, um bar tradicional localizado em um dos principais polos gastronômicos da capital paranaense. "Estamos com dificuldade por causa da pandemia e não sei como será o futuro, por isso estou repassando o local", disse ele.

O empresário Délio Canabrava está "doando" o bar CanaBenta, em Curitiba, a quem assumir dívida - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Délio Canabrava está "doando" o bar CanaBenta
Imagem: Reprodução/Facebook

A condição para pegar o ponto é que a pessoa assuma um passivo de R$ 350 mil. São impostos, parcelas de um financiamento, rescisão de alguns funcionários e outras dívidas, segundo Canabrava. "Também é preciso ter o nome limpo e um capital de giro de R$ 100 mil para lidar com as despesas mensais", disse ele.

Até agora, de acordo com o empresário, 100 pessoas se interessaram pelo ponto. Só que desse total apenas duas delas têm as condições mínimas de tocar o bar, que foi fundado há 14 anos.

Empresária chora em vídeo

A empresária Gabriela Carvalho, dona do restaurante Quintana Gastronomia, fez um desabafo em um vídeo.

Ela disse ser a favor dos decretos estadual e municipal de fechamento das atividades não essenciais, mas desde que o poder público dê apoio para os empresários e para a própria população.

"Mas não é isso que está acontecendo. Faz 100 dias que aqui em Curitiba não há foco no combate ao coronavírus. É frustrante para gente, que gera emprego e tenta fomentar uma economia. Meu vídeo foi um grito de indignação", disse ela em entrevista ao UOL.

O restaurante de Gabriela tem 20 funcionários e teve que ficar fechado por 70 dias. Depois reabriu por mais 30 dias, mas teve que fechar novamente. Desde então, passou a funcionar com delivery.

"Está difícil, mas não vou fechar, pois tenho um compromisso com meus 20 colaboradores, e compromisso não se quebra. Sou uma mulher esperançosa, que acredita em valores, e sei que tudo isso vai passar, mas temos que gritar para sermos ouvidos", disse, emocionada.

Faltou respeito do poder público, diz entidade

Fabio Aguayo, presidente da Abrabar, disse ao UOL que faltou respeito do poder público com o setor de bares, casas noturnas e restaurantes. "Aprendemos nessa pandemia o quanto somos marginalizados".

Aguayo disse que o governo do Paraná liberou uma linha de crédito para empresários do setor, mas ninguém conseguiu pegá-la, e que a Prefeitura de Curitiba, além de não liberar linha de crédito alguma, vendeu um discurso falso para a população.

Governo diz que protege população

Em nota, o governo do Paraná informou que está "adotando medidas que têm como foco conter a evolução acelerada da covid-19, evitar o colapso do sistema de saúde e preservar a vida dos paranaenses".

Sobre o financiamento, o governo estadual informou que já recebeu 40 mil pedidos desde 27 março. Desse total, 22 mil foram processados, sendo que 11.526 foram liberados, 9.000 recusados e 2.300 estão em fase final de contratação. Outros 16 mil estão sendo processados.

A Prefeitura de Curitiba informou que faz o que está ao seu alcance para compensar os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus.

Disse, por exemplo, que os contribuintes que aderiram ao Refic (Programa de Recuperação Fiscal do Município) em anos passados tiveram adiado o pagamento das parcelas com vencimento em abril, maio e junho deste ano. Elas poderão ser pagas em julho, agosto e setembro.

A prefeitura informou ainda que foi prorrogado por 90 dias o vencimento do pagamento do Imposto sobre Serviços pelo Simples Nacional em todas as faixas de enquadramento.

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