André Brandão é confirmado como novo presidente do Banco do Brasil
André Brandão foi confirmado hoje como o novo presidente do Banco do Brasil. Ele vai substituir Rubem Novaes, de 74 anos, que anunciou sua saída do cargo no mês passado.
"O Banco do Brasil comunica que, após comunicação formal, via Ofício do Ministério da Economia, desta data, iniciou-se no âmbito do BB os procedimentos de governança necessários à confirmação da elegibilidade do Sr. André Guilherme Brandão para assumir o cargo de presidente da Companhia", diz nota do BB assinada pelo vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Carlos Hamilton Vasconcelos de Araújo.
Indicação do presidente do BC
No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o ex-presidente do HSBC Brasil deveria ser o escolhido para o cargo principal da estatal e, para bater o martelo na decisão, conversaria com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Na semana passada, Guedes afirmou que a indicação de Brandão partiu do presidente do Banco Central, Roberto Campos. Embora tenha dito "não conhecer" Brandão pessoalmente, Guedes declarou confiar na recomendação.
O ministro disse que, após um primeiro contato com Brandão por telefone, feito por intermédio de Campos, o executivo pediu um prazo de duas semanas para desfazer seu contrato com o HSBC. Atualmente, Brandão vive em Nova York.
Executivo tem currículo longo e já depôs em CPI
Desde 2003 no HSBC, André Brandão atuava como chefe global da instituição para as Américas. Desde que vendeu o banco de varejo para o Bradesco, em 2016, o HSBC atua no Brasil apenas como banco de investimento - área chamada de "atacado" no jargão do mercado. Antes de chegar ao HSBC, o executivo permaneceu mais de dez anos no Citibank (outra instituição que, recentemente, saiu do segmento de varejo no país, que foi adquirida pelo Itaú Unibanco).
Em 2015, o executivo depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava supostos crimes de evasão de divisas de brasileiros que tinham contas na agência de Genebra, na Suíça, do banco. Na época, ele negou que a instituição brasileira tivesse acesso a dados dos correntistas fora do país.
Brandão enfrentava, no HSBC, um movimento de redução de cargos executivos. Segundo reportagem da agência de notícias Reuters publicada no mês de abril, ele permaneceria no cargo de dirigente para as Américas até o fim do ano, quando "novos anúncios seriam feitos". Outros diretores regionais do banco foram demitidos desde o início de 2020.
Fontes do mercado financeiro consultadas pelo jornal O Estado de S. Paulo disseram que Brandão é visto como um respeitado executivo de mercado e que sua indicação para o Banco do Brasil manda uma mensagem positiva em termos de gestão.
Vitória da "ala pragmatica"
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, a indicação de André Brandão foi uma vitória da ala "pragmática" do governo.
Rubem Novaes pediu demissão em meio a um desgaste e também por causa da pressão de dirigir o banco, segundo o jornal. Apesar de ser um nome com o aval de Paulo Guedes, o executivo era também ligado ao "guru" Olavo de Carvalho, que tem criado polêmicas e atrapalhado a pauta do governo no Congresso. Além disso, o desempenho do BB na área de crédito também seria insatisfatória.
O governo vive neste momento uma "limpa" da área ideológica, justamente para agradar o mercado financeiro e principalmente o Legislativo e os partidos do chamado Centrão, que agora formam a base de apoio do governo Bolsonaro.
Após anunciar sua saída, Novaes, afirmou em entrevista à CNN Brasil que decidiu deixar o cargo por "não se adaptar à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília". Ele não quis citar um fato específico e disse que se referia ao ambiente político da capital do país.
*Com Estadão Conteúdo
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