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Dólar opera em alta de mais de 1%, perto de R$ 5,63; Bolsa cai

Do UOL, em São Paulo

20/08/2020 10h38

O dólar comercial operava em alta e a Bolsa caía hoje (20). Por volta das 12h50, a moeda norte-americana subia 1,8%, vendido a R$ 5,63. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, operava em queda de 0,13%, aos 100.717,95 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Senado derruba veto que impedia reajuste a servidores

O Senado derrubou na véspera o veto presidencial ao projeto sobre reajuste salarial a categorias do serviço público durante a pandemia de covid-19, medida que foi chamada de "péssimo sinal" pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A proibição da concessão de aumentos havia sido estabelecida pelo governo como contrapartida ao auxílio federal de R$ 60 bilhões repassado a estados e municípios para o enfrentamento da crise do coronavírus. A derrubada do veto ainda terá de passar por votação na Câmara dos Deputados.

"O clima está bem pesado", disse à agência de notícias Reuters Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "Essa derrota ontem no Senado foi inacreditável. O principal risco do Brasil é o fiscal, e em meio a conversas sobre extensão do auxílio emergencial, isso vai continuar prejudicando as contas públicas."

"Se realmente a Câmara confirmar a derrubada desse veto, não acharia estranho ver o dólar voltar a buscar os R$ 5,80", completou, acrescentando que a confiança em Paulo Guedes é um fator que tem amparado a moeda brasileira.

A disparada do dólar acontece em meio a um cenário de incertezas políticas, depois que boatos sobre uma possível demissão do ministro da Economia abalaram os mercados.

Ainda que tanto Guedes quanto o presidente Jair Bolsonaro tenham desmentido os rumores, afirmando que seguirão juntos na administração e que o teto de gastos será respeitado, a cautela permanecia, principalmente no contexto da grave crise sanitária e econômica causada pela pandemia de covid-19.

"Grosseiramente, poderíamos afirmar que 'está caindo a ficha', e, então, se constata que grande parte das projeções e perspectivas precipitadamente assumidas para construção de ambiente otimista não têm sustentabilidade, e que o país pode estar simplesmente insinuando o 'voo da galinha'", disse em nota Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.

"O dólar é o fator que demonstra mais imediatamente os reflexos de preocupação com o agravamento da questão fiscal e, assim, na medida em que aumenta a percepção de risco, repercute no seu preço e se descola do comportamento externo da moeda americana", completou.

Segundo Victor Beyruti, há expectativa de mais intervenções do BC diante do comportamento exagerado do real quando comparado a outras divisas emergentes. "O BC muito provavelmente deve anunciar intervenção, e o mercado vai precisar de mais proteção. O Banco Central tem tentado conter essa volatilidade devido às expectativas e pânico", mas não consegue, sozinho, levar o dólar de volta a um patamar mais baixo, comentou.

Nesta quinta-feira, o Banco Central fará leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em março e setembro de 2021.

*Com Reuters