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Restaurantes reduzem o arroz nas marmitas e sobem preço das 'quentinhas'

Marmitaria do Adelson, em Campinas (SP), reduziu quantidade de arroz para manter o preço Imagem: Arquivo pessoal

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

29/09/2020 16h33

Comércios de bairro no interior de São Paulo estão reduzindo a quantidade de arroz nas marmitas ou aumentando os preços das "quentinhas" para lidar com a recente disparada nos preços do alimento.

Déborah Barroso, responsável pela cozinha da Marmitaria do Adelson, em Campinas, conta que clientes que pedem diariamente as marmitas notaram a redução. Essa foi a saída encontrada para continuar vendendo o prato de tamanho "mini" por R$ 15. "Antes eram duas conchas de arroz. Agora, uma e meia", afirmou.

Déborah conta que, até dois meses atrás, o estabelecimento pagava R$ 14 pelo saco de cinco quilos de arroz. Hoje, o valor chega a R$ 22, mesmo com o desconto por comprar no atacado. Por semana, o restaurante consome de 100 kg a 120 kg do produto.

Segundo ela, o cardápio também teve que ser alterado por causa do aumento do preço do óleo, do feijão e das carnes. "Até o queijo subiu de preço. Antes, o quilo custava entre R$ 17 e R$ 19. Na semana passada, pagamos R$ 32", disse.

O restaurante ainda não observou redução nas vendas, mas teme os próximos meses. "Essa situação está muito complicada. Não queríamos modificar a quantidade de comida que servimos, mas era isso ou fechávamos", completa.

O UOL conversou com proprietários de ao menos dez estabelecimentos em cidades da região metropolitana de Campinas, como Sumaré, Hortolândia e Valinhos, além de Campinas. A maioria reclamou que o arroz está muito caro, mas disse que ainda não repassou os valores nem reduziu as quantidades com "receio de perder a qualidade".

"Se repassasse tudo, o cardápio ia ficar caro demais"

Restaurante Estação Campineira, em Campinas (SP), preferiu arcar com parte do aumento de custo Imagem: Divulgação

Já no caso do restaurante "Estação Campineira", em Campinas, o preço das marmitas subiu, em média, 10%. O estabelecimento, especializado em vender pratos que servem de duas a três pessoas, compra 160 kg de arroz por semana. Antes, os sacos de 5 kg eram comprados a R$ 18. Agora, a R$ 25.

O dono, Adriano Lima, diz que a decisão de aumentar o preço foi difícil, mas necessária. Apesar do aumento, ele diz ter reduzido sua margem de lucro e arcado com parte da alta no custo.

Além do arroz, o empresário aponta que a embalagem de alumínio (a marmita, propriamente dita) também teve o custo elevado: uma caixa com 50 unidades, que antes era comprada por R$ 46,10, agora não sai por menos de R$ 61,50.

"Na composição final, estimamos que o custo teria que ter subido entre 16% e 18%, mas não conseguimos repassar tudo, porque o cardápio ia ficar caro demais", explica.

Alta de 28% em 2020

Com a disparada dos alimentos, o preço do arroz acumula alta de 28% no ano. No início do mês, o governo decidiu zerar a tarifa de importação para cerca de 400 mil toneladas de arroz comprados de países de fora do Mercosul até 31 de dezembro. Mas o preço segue elevado nas gôndolas.

A reportagem circulou, neste fim de semana, em quatro supermercados de Campinas. À exceção das marcas próprias de algumas redes, nenhum produto é comercializado a menos de R$ 20 (o saco de cinco quilos).

O maior preço encontrado foi de R$ 28,90. "Não é o melhor, mas já esteve muito pior", disse a dona de casa Maria de Fátima Campos, 52, que já chegou a pagar R$ 38,60 em uma marca de arroz. "Já comprei a mesma marca por R$ 13 antes da pandemia", compara.

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