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Ações da Ford sobem na Bolsa de Nova York após fim de operação no Brasil

Bolsa, investimentos, ações, liquidez, small caps, blue ships - Getty Images/iStockphoto
Bolsa, investimentos, ações, liquidez, small caps, blue ships Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

11/01/2021 22h18

As ações da Ford (FDMO34) subiram 3,3% na Bolsa de Nova York, mesmo após a notícia sobre o fechamento de fábricas e o fim da operação da companhia no Brasil. O índice S&P 500, que reúne as 500 principais empresas listadas em bolsas de valores nos EUA, caiu 0,66%.

A Ford optou pelo encerramento da produção de veículos no Brasil, com o fechamento das fábricas que a montadora mantém em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), onde é fabricado o utilitário 4x4 T4, da Troller. Com isso, a operação brasileira da oval azul ficará restrita à importação de modelos, como hoje acontece com o SUV Territory, trazido da China.

As operações na Argentina e no Uruguai devem ser mantidas, bem como permanecem em operação no Brasil o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.

Apesar das implicações diretas da saída, como a perda de empregos, economistas consultados pelo UOL se dividem ao opinar se ela seria consequência, ou não, de um processo de desindustrialização no país.

O economista Mauro Rochlin diz que é difícil saber, ao certo, o que motivou a decisão, mas acredita que ela tenha mais a ver com uma estratégia global da empresa, do que com o cenário brasileiro.

"Causa estranheza, porque o Brasil ainda é um mercado consumidor muito importante. A perspectiva para 2021 é de venda de cerca de 2,5 milhões de veículos. Não é pouco. Não consigo enxergar, em termos macroeconômicos, o que poderia levar a empresa a se decidir pela saída", disse Rochlin ao UOL.

O economista Emerson Marçal, professor da FGV EESP (Escola de Economia da São Paulo da Fundação Getulio Vargas), não crê que o fechamento das fábricas sinalize uma desindustrialização do país, apesar de considerar que demonstre um "certo pessimismo com o Brasil".

"É difícil falar em desindustrialização por causa da decisão de uma empresa, por mais importante que ela seja. Mas é uma decisão simbólica, importante. É uma empresa que está aqui há muito tempo", afirmou.

Cinco mil serão demitidos

Em comunicado enviado à imprensa, a Ford informou que a decisão de deixar o País faz parte da reestruturação global e também no mercado sul-americano.

"A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um modelo saudável e sustentável. Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global", afirma Jim Farley, presidente e CEO da Ford.

A Ford informou ainda que ao menos cinco mil trabalhadores serão demitidos no Brasil e na Argentina, mas não especificou qual será a divisão por país.

Ao UOL, a Ford explicou que está definindo os planos de indenização aos trabalhadores e que, nos casos em que se aplicar, a indenização será definida como parte do processo de negociação com os respectivos sindicatos. Segundo a CNN Brasil, o sindicato em Taubaté deve se reunir ainda hoje, às 17h30, para discutir a situação. Amanhã será a vez do sindicato em Camaçari.