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Bolsonaro convoca presidente da Petrobras para explicar alta nos preços

Do UOL, em São Paulo

04/02/2021 20h56Atualizada em 17/02/2021 10h48

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ter convocado ministros e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para explicarem a alta no preço dos combustíveis, motivo de queixa inclusive entre caminhoneiros — parte da classe realizou uma greve no início da semana. A reunião deve ocorrer nesta sexta-feira (5).

"Convoquei todos os ministros e o presidente da Petrobras. Estava previsto que iriam dar um novo reajuste em cima do combustível. É justo ou não?! É isso que vamos conversar amanhã", disse Bolsonaro na noite de hoje, durante sua live semanal nas redes sociais. Ele citou os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, como os nomes convocados para a reunião.

"Ninguém está interferindo na Petrobras, mas você tem que saber qual a composição do preço final do diesel", afirmou o presidente.

Bolsonaro falou sobre a saúde financeira da empresa, tida como uma das maiores empresas da América Latina, em valor de mercado.

"Dizem que a Petrobras está tendo prejuízo. Então o presidente da Petrobras vai dizer amanhã para os senhores, que é obrigação dele, vai dizer qual é o prejuízo. Por que o preço do combustível é esse no Brasil? Mesmo o da refinaria. Não adianta falar 'olha, o preço do diesel em relação ao G-20 é tanto, em relação ao Brics é tanto, só é mais barato em tais países...'. São realidades diferentes. Agora, como é realmente o preço na refinaria? O que se leva em conta? Além do preço do barril de petróleo lá fora e do dólar atualmente vigente, é essa discussão que temos que ter", concluiu.

Impostos sobre o diesel

Durante a transmissão, o presidente afirmou que a cada 500 litros de diesel, por exemplo, o consumidor paga até R$ 165 de imposto federal, e comparou com os impostos cobrados por estado. Ele ressaltou também que toda vez que aumenta o preço do combustível, os governadores ganham mais.

"Então, você, caminhoneiro, quando vai abastecer o caminhão, você tem que saber: de imposto para mim, que representa o Poder Executivo Central, você paga R$ 165 de PIS/Cofins. Isso é justo? É um valor razoável? Está alto, está baixo? E, agora, você sabe quanto você paga de ICMS? Duvido, porque em cada estado é um valor diferente", disse.

"O que nós gostaríamos que fosse feito? Que o Congresso votasse uma lei que dissesse o seguinte: que o ICMS vai incidir sobre o preço do óleo diesel na refinaria ou terá um preço fixo, assim como a Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico]. Até porque toda vez que eu aumento o preço do óleo diesel, os governadores ganham mais", acrescentou, em seguida.

Ameaça de greve

O aumento de 4,4% no preço médio do diesel nas refinarias em meados de janeiro, a primeira alta do combustível fóssil em quase um mês, elevou a "insatisfação" de caminhoneiros, conforme revelou reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".

Diante do aumento, representantes da categoria viam aumento nas chances de uma paralisação já que o diesel representa entre 40% e 50% do custo de um caminhão e o reajuste não é compensado no valor do frete.

A convocação de greve para a última segunda-feira (1º), no entanto, fracassou.

Ao UOL, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o disse que o presidente Jair Bolsonaro tem reforçado os pedidos para que algumas medidas para a categoria possam sair do papel. De acordo com ele, há uma "agenda contínua e que é constante".

Pedágios entram na mira

Durante a live, Bolsonaro também reclamou do preço dos pedágios, outra pauta levantada pelos caminhoneiros.

"A questão dos pedágios. Os contratos são de 10, 20 anos, em média 20 anos. Como são reajustados os pedágios? Inflação, alguma coisa... Ou seja, os pedágios sempre são reajustados acima da média do salário dos trabalhadores. Isso é justo ou não é justo? Chega um ponto que fica impagável", protestou.

"A concessão da [Rodovia] Dutra está sendo rediscutida novamente, conversei com Tarcísio [Gomes Freitas, ministro da Infraestrutura]. Se dependesse dos interessados, teríamos mais duas praças de pedágio no Brasil", concluiu.