Magalu, Mercado Livre e Americanas contratam milhares para melhorar entrega
As gigantes do comércio eletrônico nacional vêm reforçando suas estruturas física e de pessoal. Existe um verdadeiro rali sendo disputado por Magazine Luiza, Mercado Livre, Via e Lojas Americanas/B2W para contratar os melhores especialistas e desenhar as estratégias mais eficientes para que o produto chegue rápido e a um custo mínimo (ou zero) à casa do cliente.
Em 2020, o Brasil avançou dez posições no Índice Mundial de Comércio Eletrônico da Unctad (Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), que mede a situação do comércio digital. Em um ranking de 152 países, o mercado brasileiro ficou em 62º lugar.
Estrutura de entrega vai definir desempenho
Está ainda muito distante da Suíça, primeira colocada na lista da Unctad, mas o indicador mostra que o país tem fôlego para ganhar espaço nas compras online.
Para que isso aconteça, o nome do jogo é logística, área que se tornou crucial na conquista de novos consumidores e no aumento do volume de compras feitas pela web. É o setor que cuida de armazenagem e distribuição.
Magazine Luiza triplica funcionários no setor
"O preço do produto é uma commodity. O que faz a diferença é a eficiência da logística, é isso o que pode melhorar a experiência do cliente", afirma Willian Miguel, gerente de gestão de pessoas e logística do Magazine Luiza.
Para fazer jus ao slogan da varejista - "Piscou, chegou" -, o Magalu está contratando neste ano 3.200 pessoas para trabalhar somente na área, o dobro do que havia contratado no ano passado.
Hoje a logística soma 6.800 colaboradores - em 2017, eram 2.200. Ao final do primeiro trimestre deste ano, a empresa somava 25 centros de distribuição (CDs) no país, dois a mais em relação a dezembro, além de 37 estações de cross docking (pontos para preparar a mercadoria e sua nota fiscal).
No segundo trimestre do ano, estão sendo inaugurados um centro de distribuição em Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre) e outro em Araucária (na Grande Curitiba).
No Rio, onde um novo centro de distribuição abriu seus galpões no fim do ano passado, foram anunciadas 280 vagas, para as quais 11 mil pessoas se candidataram.
As 3.200 novas vagas deste ano vão desde a equipe operacional (com salários entre R$ 1.400 e R$ 2.500), passando por analistas (de R$ 3.000 a R$ 5.000), até líderes, cuja faixa salarial Miguel não revela.
"É preciso ir além das quatro paredes de um centro de distribuição e ter um olhar do todo, de como podemos melhorar em rapidez, custos, em eficiência, tendo como principal objetivo a experiência positiva do cliente", afirma. Essa expertise será decisiva na hora da compra.
8.000 motoristas terceirizados
A empresa conta com 8.000 "carreteiros", como são chamados os motoristas de carros, caminhões e utilitários terceirizados, que respondem pela maior parte da entrega física dos produtos. Em 2018, eles somavam 2.000.
Segundo a pesquisa da Ebit|Nielsen, o frete é fundamental até para a reputação da varejista: só 5,9% dos consumidores que não precisaram pagar nada pelo transporte da mercadoria apresentaram alguma queixa.
Já entre os que pagaram acima de R$ 199,99 pelo envio, 15,7% reclamaram da experiência.
Concorrência também investe
A concorrência do Magalu se mexe. A Via (antiga Via Varejo), dona de Casas Bahia e Ponto Frio, soma 28 centros de distribuição em todo o país e usa mais de 1.000 lojas físicas como mini-hubs, ou pontos de coleta logística.
Em outubro, o 29º centro de distribuição da Via será inaugurado em Extrema (MG), cidade estratégica pelos incentivos fiscais e pela proximidade com São Paulo. Na cidade mineira, o Magazine Luiza tem dois centros de distribuição.
Entrega de produtos dos pequenos vendedores
Mas a grande disputa neste ano será pela entrega dos produtos dos comerciantes que são parceiros nos respectivos marketplaces (shoppings virtuais dessas grandes empresas, onde pequenos vendedores expõem e vendem seus produtos).
A Via lançou, no primeiro trimestre, o Envvias, uma plataforma de serviços logísticos para os "sellers", como são chamados os vendedores parceiros.
De acordo com a empresa, a plataforma de frete tem a vantagem de ser 15% mais barata que a maioria das tabelas utilizadas. Já no Magalu, a meta é atingir 100% dos 56 mil sellers com os serviços de entrega - hoje só 3,4% usam o serviço.
Mercado Livre disputa entrega
O maior rival das companhias é o Mercado Livre, que lidera o comércio eletrônico na América Latina, conforme relatório da Unctad.
No ano passado, a empresa investiu R$ 4 bilhões no Brasil, sendo que boa parte foi destinada às operações de entrega de mercadoria.
Em 2021, o plano é aplicar R$ 10 bilhões, incluindo investimentos em logística a fim de atingir mais regiões com entregas em até 48 horas. Nas Americanas, 44% das entregas são feitas em até 24 horas - volume que sobe para 51% no caso do Magazine Luiza.
Em 2020, o Mercado Livre Brasil contratou 3.000 funcionários e terminou o ano com 4.969 colaboradores. Em 2021, a empresa prevê abrir 7.200 vagas no país (em todas as áreas, não só em logística), dobrando assim o número de empregados.
Atualmente, a varejista conta com cinco centros de distribuição (São Paulo, Bahia e Santa Catarina). Até julho, serão abertos mais dois centros de distribuição em Cajamar (SP) e Extrema (MG). Em cross dockings, são 17 pontos.
B2W investindo em tecnologia
A B2W, que acaba de anunciar um acordo para combinar suas operações com as da sua controladora, Lojas Americanas, afirma ter investido R$ 700 milhões em tecnologia e logística em 2020.
Em 2018, as empresas criaram a Let´s - plataforma de gestão compartilhada dos ativos de logística e distribuição da Americanas e B2W.
Em 2020, o grupo inaugurou cinco centros de distribuição, chegando a 22 em 12 estados. Parte das entregas é realizada pela Ame Flash, plataforma que conecta entregadores independentes (motos, bicicletas e outros modais), e soma mais de 25 mil parceiros, em 700 cidades.
A empresa inovou com os lockers (armários inteligentes para retirada de compras online), que somavam 81 pontos ao final de 2020, no Rio e em São Paulo.
Os armários ficam instalados em postos de combustíveis, estações de metrô e lojas físicas. O desbloqueio é feito por QR Code, via celular. A novidade também vale para logística reversa, no caso de trocas e devoluções.
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