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Após mais de 3 meses, navio Ever Given inicia saída do Canal de Suez

O navio porta-contêineres Ever Given se prepara para deixar o Canal de Suez após autoridades liberarem sua partida - REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
O navio porta-contêineres Ever Given se prepara para deixar o Canal de Suez após autoridades liberarem sua partida Imagem: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Do UOL, em São Paulo*

07/07/2021 10h00Atualizada em 07/07/2021 13h59

Após mais de três meses de espera, o navio porta-contêineres Ever Given foi liberado hoje pelas autoridades portuárias do Egito. A decisão permitindo a saída da embarcação foi anunciada ontem. O navio de 400 metros e capacidade de 200 mil toneladas começou a se mover para o norte, em direção ao Mediterrâneo.

A liberação do Ever Given para voltar a navegar se deve a um acordo entre a Autoridade do Canal de Suez e a empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do navio, anunciado no domingo (4).

A embarcação estava apreendida desde o fim de março, após ter encalhado no Canal de Suez e bloqueado a navegação em uma das principais rotas marítimas do mundo por quase uma semana.

"Anuncio ao mundo que fechamos um acordo", disse o chefe da Autoridade do Canal de Suez, Osama Rabie, em uma cerimônia com as bandeiras do Egito e do Japão e transmitida pela TV estatal do país africano.

Inicialmente, o governo egípcio havia cobrado uma indenização de US$ 916 milhões, mas depois reduziu a pedida para US$ 550 milhões, o equivalente hoje a cerca de R$ 2,8 bilhões.

Os valores finais não foram divulgados, mas Rabie disse que o acordo também prevê o envio de um rebocador de 75 toneladas para o Egito e uma indenização à família de um trabalhador morto nas operações para desencalhar o navio.

Ever Given deixa o Canal de Suez - REUTERS/Amr Abdallah Dalsh - REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Imagem de hoje mostra o Ever Given navegando pelo Canal de Suez
Imagem: REUTERS/Amr Abdallah Dalsh

Imagem de satélite - Satellite image ©2021 Maxar Technologies/AFP - Satellite image ©2021 Maxar Technologies/AFP
Imagem de satélite de 28 de março mostra navio Ever Given em meio a rebocadores após encalhar no Canal de Suez
Imagem: Satellite image ©2021 Maxar Technologies/AFP

O Ever Given ficou encalhado no Canal de Suez entre os dias 23 e 29 de março, provocando um congestionamento de 422 navios, e o tráfego na via só foi normalizado cinco dias após a remoção do porta-contêineres. O navio agora navega em direção ao Mar Mediterrâneo, carregando uma carga de aproximadamente 18,3 mil contêineres.

A liberação, no entanto, não encerra os problemas causados pelo encalhe da embarcação, pelo menos para as empresas que têm seus produtos presos. As companhias enfrentam uma batalha judicial para recuperar bens no valor de centenas de milhões de dólares que estão há meses apreendidos.

Dentre as companhias com produtos presos estão as gigantes Ikea, de móveis, e a Lenovo (LNVGF), de computadores, além da fabricante de bicicletas Pearson 1860, do Reino Unido, e da fábrica de cobertores Snuggy UK.

Uma morte e prejuízos de US$ 12 e 15 milhões por dia

O navio, com bandeira panamenha e operado pelo armador taiwanês Evergreen Marine Corporation, encalhou sua proa na parte leste da hidrovia em 23 de março, cruzando o canal e bloqueando todo o tráfego.

As operações para desencalha-lo, que duraram seis dias, exigiram mais de dez rebocadores, além de dragas para cavar o fundo do canal.

O Ever Given foi então imobilizado no grande Lago Amer, no centro do canal, pelas autoridades egípcias, à espera do pagamento de indenização pela perda de receita durante o incidente, o custo do resgate e os danos ao canal. De acordo com a SCA, o Egito perdeu entre US$ 12 e 15 milhões de dólares por dia de fechamento.

Além disso, um funcionário da SCA morreu durante as operações de reflutuação do navio, segundo a autoridade egípcia. E o revestimento das margens foi danificado. Um total de 422 navios cargueiros com 26 milhões de toneladas de carga ficaram bloqueados.

Após o bloqueio da hidrovia, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi prometeu que seu país iria adquirir equipamentos mais adequados para enfrentar situações semelhantes.

*Com informações da Ansa e AFP