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Executivos de empresa de energia são indiciados pela PF por apagão no Amapá

Incêndio em subestação causou apagão no Amapá - Emiliano Capozoli/Gemini/Divulgação
Incêndio em subestação causou apagão no Amapá Imagem: Emiliano Capozoli/Gemini/Divulgação

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

30/07/2021 17h28

A PF (Polícia Federal) indiciou ontem três executivos de uma empresa de energia do Amapá devido ao apagão elétrico que atingiu 13 dos 16 municípios estado em novembro de 2020.

Eles fazem parte da LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia) e vão responder pelo crime de atentado contra o funcionamento de serviço essencial. Os nomes não foram divulgados.

O inquérito foi encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal), que avaliará se fará novas diligências para o relatório, se ofertará denúncia contra os executivos, ou se arquivará o caso. Uma eventual condenação poderá resultar em reclusão de um a cinco anos, além do pagamento de multa.

Procurada pelo UOL, a empresa informou, através de assessoria de imprensa, que ainda não foi notificada pela Polícia Federal.

Apagão

A LMTE é a responsável pela manutenção da subestação de energia que leva energia elétrica às residências de 13 dos 16 municípios do Amapá. O apagão iniciou em 3 de novembro e durou mais de 20 dias. O retorno do serviço aconteceu gradualmente, com rodízios, ao longo de semanas, sendo restabelecido totalmente somente em 24 de novembro. O blecaute chegou a adiar as eleições municipais de Macapá e gerou diversos protestos de moradores.

10.nov.2020 - Moradores do Amapá fizeram protesto após apagão  - Divulgação/Comunidade Casa Grande - Divulgação/Comunidade Casa Grande
10.nov.2020 - Moradores do Amapá fizeram protesto após apagão
Imagem: Divulgação/Comunidade Casa Grande

Investigação da Polícia Federal e da Polícia Civil do Amapá apontou que o problema foi ocasionado por um incêndio em um gerador de energia. A empresa não conseguiu manter o serviço porque outro gerador, que deveria dar o suporte, estava inativo por falta de reparos.

A PF entendeu que o problema aconteceu por omissão da empresa por meio de seus diretores, já que deixaram fazer os reparos mesmo com previsões de manutenção entre o fim de 2019 e a data do apagão.

"O indiciamento se deu em razão de a empresa ter sido omissa na manutenção do gerador reserva. Este apresentou defeito e ficou inativo por um ano e sem passar por reparo pela LMTE", confirma a PF.

Inquérito é inconclusivo sobre causas, diz PF

O inquérito não conseguiu apontar o que gerou o incêndio no gerador de energia. Peritos conseguiram identificar que o fogo iniciou em uma peça chamada de "bucha", mas sem a capacidade "de elucidar a causa do incêndio: se foi erro humano, sobrecarga, causa natural (raio, por exemplo) ou mesmo um ato criminoso".

A PF afirma que o apagão começou no gerador reserva, se desencadeando para o gerador inativo. Ambos deveriam estar funcionando com um terceiro, mas a omissão nos reparos teria impossibilitado o acionamento em conjunto.

"Quando o Gerador 1 se incendiou, automaticamente o segundo deveria entrar em funcionamento para trabalhar em conjunto com o terceiro. Ocorre, como já citado, que o segundo gerador, por omissão da LMTE, estava danificado há cerca de um ano. Assim, apenas o terceiro gerador de energia ficou com toda a carga e terminou superaquecendo. Fato que gerou a interrupção de energia nos 13 municípios amapaenses", concluiu a PF.