Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Caixa reduziu juros da casa própria atrelados à poupança, mas vale a pena?

Carolina Pulice

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/09/2021 04h00

Os sucessivos aumentos feitos pelo Banco Central na taxa básica de juros (Selic) já se refletem em alta nos juros dos financiamentos da casa própria. Para tentar conter a inflação, a Selic já subiu de 2,75%, em março, para 6,25% agora, e a expectativa é continuar subindo.

Para compensar os aumentos, a Caixa Econômica Federal reduziu recentemente as taxas de juros do crédito imobiliário na modalidade atrelada à poupança. A taxa de juros anual, que era de 3,35% + remuneração da poupança, caiu para 2,95% + remuneração da poupança.

Mas especialistas dizem que isso não é suficiente para tornar a modalidade vantajosa para o cliente e alertam que há risco de as taxas dispararem mais nos próximos anos.

Por que as taxas podem subir

Isso pode acontecer porque a rentabilidade da poupança, usada para calcular os juros desse tipo de financiamento, depende da Selic.

Funciona assim:

  • Quando a Selic é igual ou menor que 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic. Agora, por exemplo, rende 4,38% ao ano. Com a Selic no teto de 8,5%, renderia 5,95% ao ano.
  • Quando a Selic é superior a 8,5% ao ano, a poupança renderá um percentual fixo de 6,17% ao ano ou 0,5% ao mês. É um aumento substancial para quem está pagando um empréstimo.

Com isso, especialistas consultados pelo UOL afirmam que empréstimos vinculados à poupança podem não ser vantajosos no médio prazo, porque a taxa básica de juros, a Selic, subiu cinco vezes neste ano e há previsões de novos aumentos.

"Olhando no longo prazo, um empréstimo baseado na Selic pode ser mais arriscado", afirma Gisele Colombo de Andrade, planejadora financeira da Planejar.

Quando se está financiando nessa modalidade, é necessário levar em consideração quanto a prestação ocupa da sua renda, qual o prazo de e se você terá condições de quitar esse financiamento caso a Selic assuma uma rota explosiva.
Gisele Colombo de Andrade, planejadora financeira da Pl
anejar.

A alta da Selic tem diminuído a "janela de oportunidade" para que os empréstimos sejam vantajosos ainda neste ano, diz Marcia Silva, gerente de desenvolvimento de negócios e investimentos na cooperativa Sicredi Vale do Piquiri Abcd.

"Tem um risco altíssimo em tomar crédito em qualquer instituição financeira no pós-fixado, numa janela até 2024, por causa do aumento da taxa de juros", afirma. "Vão acontecer mais duas reuniões de Copom até o fim do ano, que vão fazer com que a taxa suba ainda mais."

Quais as opções?

Os bancos costumam oferecer quatro tipos de financiamento imobiliário, de acordo com a forma como calculam os juros:

  • Taxa prefixada + rendimento da poupança
  • Taxa prefixada + TR (Taxa Referencial)
  • Taxa prefixada + IPCA
  • Taxa prefixada

Taxa prefixada + rendimento da poupança

A taxa de juros atrelada à poupança, como proposta pela Caixa, é composta pela remuneração dapoupança vigente na data do vencimento da prestação mais uma taxa fixa.

Taxa prefixada + TR

O indexador TR é uma taxa de juros de referência usada como fator de correção monetária de empréstimos. Hoje a taxa está zerada.

Normalmente, a TR se soma a uma taxa da instituição financeira, que pode variar de acordo com o perfil do cliente, tempo de empréstimo e outras variáveis.

Taxa prefixada + IPCA

Para operações com o indexador IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a taxa de juros é composta pelo índice mais taxa fixa.

Taxa prefixada

Em operações com taxa prefixada, não incide taxa de juros para atualizar o saldo devedor. Ou seja, ao contratar o financiamento, o cliente já sabe de quanto serão as parcelas. A taxa varia de banco para banco.

Como escolher?

Os próprios bancos alertam para o fato de que empréstimos imobiliários são de longo prazo e, por isso, a inflação pode variar muito ao longo dos anos, prejudicando os clientes que contrataram financiamento atrelado ao IPCA.

"Se a inflação chegar a patamares elevados, os contratos indexados pelo IPCA poderão apresentar maior risco de inadimplência, se comparados com os contratos indexados pela TR", afirma a Caixa.

Para Piter Carvalho, economista e chefe de mesa da Valor Investimentos, o ideal é fugir dos empréstimos indexados à inflação. Atualmente, o índice está em 9,68% em 12 meses, com previsão de aumento no curto e médio prazos.

"Os empréstimos indexados à poupança logo deixarão de ser atrativos, com a alta dos juros. O melhor é o financiamento indexados à TR. Outra opção é conseguir negociar uma boa taxa fixa no banco escolhido", afirma.