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Não achou dinheiro no site do BC? PIS e FGTS podem dar uma renda extra

Especialista dá dicas para ter renda extra - Istock
Especialista dá dicas para ter renda extra Imagem: Istock

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, de Belém (PA)

02/02/2022 04h00

A corrida ao site do Banco Central para checar se a pessoa tem dinheiro "esquecido" em instituições financeiras mostrou como está difícil fechar as contas neste início de ano. A alta procura chegou a derrubar o sistema, que deve voltar ao ar só em 14 de fevereiro.

É um período difícil: IPTU, IPVA, mensalidades escolares, alta de inflação, gasolina, gás e energia elétrica. O salário por vezes não cobre despesas essenciais. A saída é tentar obter uma renda extra.

Se você não está entre os 24 milhões de brasileiros que esqueceram dinheiro no banco, saiba que ainda há algumas alternativas para sair do vermelho neste início de ano.

O UOL convidou o coordenador do MBA em gestão financeira da FGV-Rio (Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro), Ricardo Teixeira, para dar dicas de como resolver essa equação.

Entre as opções, estão benefícios trabalhistas, como o resgate do PIS/Pasep e o saque-aniversário do FGTS; além da venda ou aluguel de objetos e eletrodomésticos; venda de milhagens; aluguel do carro; aluguel de garagem e até de cômodos da casa.

Segundo o especialista em finanças, o primeiro passo é revisar as contas, ver o que é realmente necessário e o que pode ser cortado, já que "todo dinheiro que deixa de sair entra", diz Ricardo Teixeira.

Veja o guia de opções de renda extra e como obtê-la:

Resgate do PIS/Pasep

O trabalhador inscrito no PIS/Pasep tem direito a receber um abono salarial de até um salário mínimo referente aos meses trabalhados no ano anterior.

Para ter direito ao benefício, é preciso estar há pelo menos cinco anos no programa e ter trabalhado formalmente por, no mínimo, 30 dias no ano anterior. O salário mensal deve ser no máximo de dois salários mínimos. Também é necessário que os dados tenham sido informados corretamente pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

O abono, com valor de até R$ 1.212, começará a ser pago em 8 de fevereiro e segue até 31 de março. O calendário segue as datas do mês de aniversário do trabalhador da iniciativa privada, e pelo número da inscrição, se for do setor público.

Para saber se tem direito ao saque, é possível verificar no site do governo federal ou da Carteira de Trabalho Digital. A central Alô Trabalhador, telefone 158, também está disponível para atendimento.

Saque-aniversário do FGTS

Quem tem contas ativas ou inativas no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) pode solicitar a liberação do saque-aniversário, pago no mês de nascimento do trabalhador.

Até dezembro do ano passado 17,9 milhões de trabalhadores haviam optado pelo sistema, somando R$ 21,1 bilhões em saques.

Para saber se tem saldo no FGTS, basta checar no aplicativo do FGTS (android ou iOS) ou pelo site www.caixa.gov.br/extrato-fgts, informando o CPF ou o NIS (Número de Inscrição Social, também chamado de PIS/Pasep ou NIT) e fazer o cadastro, caso não tenha.

Depois é só optar pelo saque-aniversário no aplicativo e solicitar o resgate. O pedido também pode ser feito nas agências da Caixa.
O valor varia entre 5% e 40% do saldo do FGTS e fica disponível a partir do primeiro dia útil do mês de aniversário do trabalhador, que pode retirá-lo em até 3 meses.

Quem aderir a essa modalidade perde o direito de resgatar os recursos em caso de demissão sem justa causa e vai receber apenas a multa sobre o saldo do FGTS.

"Só use o FGTS se você realmente não tiver outro jeito, se estiver desempregado, por exemplo. Temos que lembrar a natureza da sua criação. É uma poupança do trabalhador para quando ele estiver mais velho", afirma Ricardo Teixeira.

Vendas de usados online

A venda de artigos usados na internet é outra alternativa para fazer algum dinheiro. Pode ser em redes sociais ou marketplaces específicos, como Mercado Livre e OLX.

Neles, há grupos variados e específicos direcionados a um tipo de produto, como eletrônicos, roupas e livros.

O anúncio do produto deve conter a foto, a descrição do estado em que se encontra, e o preço. A dica do Teixeira é colocar um valor acima do ideal para a venda, para poder ter uma pequena margem de negociação.

Aluguel de produtos usados

Texeira também dá a dica de alugar objetos e utensílios que estão sem uso, como eletrodomésticos.

"Se você tem um aspirador de pó que só usa uma vez na semana, pode alugar o resto da semana para vizinhos, a R$ 10 ou R$ 20 a hora. Louças, talheres, panelas que você eventualmente não queira ou não consiga vender, pode alugar para pequenas reuniões, por exemplo", orienta.

Venda de milhas

Os programas de milhagens de companhias aéreas e de cartões de crédito também podem ser convertidos em dinheiro, seja com crédito de cashback do próprio programa ou mesmo vendendo em plataformas especializadas como 123milhas e Maxmilhas.

"Se você não pode ou não se programou para viajar naquele período tem a opção de vender as milhas, evitando que expirem", diz o especialista.

Aluguel de cômodos ou espaços

O aluguel de cômodos pode ser feito de duas formas: direto com o interessado, que pode vir através de indicação, ou em plataformas de aluguel por temporada, como o Airbnb.

Basta se cadastrar no site ou aplicativo e aguardar a aprovação. As plataformas são um meio mais seguro para quem nunca alugou algum cômodo da casa, porque exigem identificação e envio de documentos.

Você também pode aproveitar para alugar a garagem de sua casa ou prédio para vizinhos.

Aluguel do carro próprio

Com a alta do preço da gasolina, até o carro pode entrar nessa lista de desapego, aconselha Ricardo Teixeira.
"O mais usual hoje, no caso de aluguel, é para quem presta o serviço de Uber", afirma Teixeira.

Serviços e vendas no bairro

O especialista cita ainda serviços extras que podem ser feitos no seu próprio bairro, como cuidar de crianças e animais domésticos de vizinhos e até venda de alimentação.

"Se você sabe fazer só uma coisa, como um bolo, já é uma renda. Muitos empreendedores começam assim."

Para o coordenador do MBA em Gestão financeira da FGV, nos momentos de crise, o mais importante é ser criativo. "É atender as pessoas naquilo que elas estão precisando com o que se tem em mãos, seja vendendo ou alugando", afirma.