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Maílson: Explorar terras indígenas por falta de potássio é 'ideia maluca'

Colaboração para o UOL

03/03/2022 09h55Atualizada em 03/03/2022 10h15

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega definiu como "ideia maluca" a defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) em explorar terras indígenas para obter potássio, mineral presente em fertilizantes, em meio a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Os russos são o segundo maior produtor mundial do mineral e responde por cerca de 19% do mercado internacional.

Ao UOL News, o economista ressaltou a necessidade de acionar outros mercados internacionais. "Potássio também é encontrado em outras regiões, como países da África, Canadá. A ideia de explorar terras indígenas é maluca porque vai invadir terras protegidas pela Constituição, seria necessária uma medida legislativa, e tem que entender como funciona o mercado. É preciso saber se os empresários vão para lá. Depende do custo."

Sem apresentar dados, Bolsonaro afirmou que a segurança alimentar do Brasil dependeria dessa extração natural. "Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e o agronegócio (economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância", escreveu nas redes sociais.

"É mais barato importar fertilizante da Rússia, África, do que produzir aqui. Essa ideia que você precisa se 'autobastar' foi presente no regime militar, que colocava a soberania nacional acima de tudo. Num mundo globalizado, não tem por quê produzir no país um produto que fica mais caro do que importar", explica Maílson.

A Rússia é um importante exportador desses produtos. Em 2021, 62% do total importado pelo Brasil da Rússia foram adubos ou fertilizantes químicos (no equivalente a US$ 3,5 bilhões).

Quanto mais a guerra continuar, maior preço do petróleo

O economista Maílson da Nóbrega ainda explicou que, quanto mais a guerra entre Rússia e Ucrânia continuar, maior será o preço do petróleo. "Uma demora desse conflito pode levar o petróleo a US$ 150 o barril. A Petrobras pode segurar por um tempo tendo prejuízo, mas chega um ponto que não é possível."

A guerra na Ucrânia e os temores sobre o fornecimento de matérias-primas da Rússia levaram os preços do petróleo a uma alta recorde dos últimos 10 anos ontem, enquanto o gás natural e o alumínio atingiram altas históricas. O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em maio subiu 7,58%, para US$ 112,93, atingindo um preço recorde desde 2014 em Londres.

Enquanto isso, em Nova York, o barril de West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril subiu 6,95% para 110,60 dólares, um pico desde 2011.

  • Veja as últimas informações sobre a guerra na Ucrânia e mais notícias no UOL News com Fabíola Cidral: