Guedes diz que 'inferno' da inflação passou, apesar de índice já bater 12%
O ministro da Economia Paulo Guedes afirmou nesta quinta-feira (19), durante participação em um evento em São Paulo, que o "inferno" da inflação passou e não assola mais o Brasil, enquanto outros países "estão indo para o inferno".
No entanto, apesar da declaração de Guedes, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia anunciou hoje um aumento da estimativa da inflação oficial para este ano no Brasil, que passou de 6,5% para 7,9%. Para 2023, o patamar subiu de 3,25% para 3,6%.
Além disso, os indicadores do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medidor oficial da inflação no Brasil, contradizem Guedes, haja vista que o IPCA fechou abril em 1,06%, o maior resultado para o mês nos últimos 26 anos, apresentando alta acumulada de 4,29% em 2022 e de 12,13% nos últimos 12 meses, o maior nível para o período de um ano desde outubro de 2003, quando o índice chegou a marca de 13,98%.
Apesar de todos esses indicadores, o ministro pontuou que o Brasil não convive mais com a inflação e destacou que, quando o país esteve nesse "inferno", conseguiu sair "do fundo do poço" rapidamente.
"Está faltando manteiga na Holanda. Tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a pior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço", afirmou Paulo Guedes.
A inflação alta no Brasil é puxada principalmente pelas altas consecutivas nos preços dos combustíveis, sobretudo da gasolina. Além disso, os consumidores também têm sentido a alta da inflação na ida ao supermercado, com aumento significativo nos preços de produtos alimentícios e das bebidas. Já na alimentação fora de casa, em restaurantes, o preço da refeição também subiu, assim como o valor do lanche.
O IPCA é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) desde 1980 e se refere às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. O indicador abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Conforme o IBGE, a inflação em abril atingiu todas as regiões pesquisadas, com destaque para a região metropolitana do Rio de Janeiro, que apresentou o maior índice.
Guedes fala em eventual segundo mandato
No evento realizado pela Arko Advice e Traders Club, Paulo Guedes também falou sobre a possibilidade de permanecer à frente do Ministério da Economia caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, e disse ser "natural" que ele fique no cargo para um eventual segundo mandato.
"Se essa coalizão seguir, é natural que eu ajude, que eu apoie, que eu esteja lá", disse.
No comando da Economia brasileira desde 2019, Paulo Guedes foi apelidado por Bolsonaro de "Posto Ipiranga", e chegou ao ministério com status de "super ministro", mas, à medida em que o governo cedeu à velha política que o presidente tanto criticava, o ministro perdeu poderes, enfraqueceu no cargo e, por vezes, chegou a balançar com perigo de ser demitido.
Agora, Guedes diz que, "em uma aliança de liberais conservadores" que tenham como foco o apoio a "privatizações", entre outros, e se essa "for a música" a ser tocada, ele vai "correndo atrás". Porém, "se a música mudar, estou velhinho, estou cansado, não consigo tirar férias". "Mas parece que a banda está tocando bem", completou.
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